Friday, December 19, 2014

Ninguém nunca fez nada por ela.

Temos medo do que não conhecemos, é da natureza humana temer o incompreendido e sabemos disso. Não sabemos nada sobre o amor, sobre o amar, sobre o céu ou o mar.

Às vezes confundimos amor com milhares de outras coisas, amizade, carinho, com uma pizza gigante de mussarela, com um pôr-do-sol e, alguns, com pessoas. Eu já confundi amor com alguém, aposto que você também.

Ela era legal, tinha aquele sorriso sem graça no canto da boca que me deixava com vontade de sorrir também, tinha os cabelos bagunçados de manhã e a cara inchada de sono, tinha dia que eu confundia ela com borboletas no estômago e, talvez por isso, tentei ficar por perto pra ver o mundo girar mais rápido.

Talvez o problema tenha sido só o medo, ninguém nunca fez nada por ela. Não mandaram recados de bom dia, não disseram pra ela o quanto o dia era melhor quando ela dormia mais perto, não apresentaram pra ela o amor... E eu que, na inocência de querer bem, tentei me aproximar, a assustei.

Não que eu seja um louco que vá cometer um assassinato por não ser mais amado, eu só confessei que gostava dela. Acho que ela confundiu o meu gostar com a sentença de que a vida só seria a mesma se ela fosse minha, não era assim, eu gostava dela, queria cuidar, queria viajar pra conhecer a família se um dia precisasse, não queria um contrato firmado em cartório dizendo "Agora você é minha, não pode mais viver", no máximo esperava um recado dizendo "Quero viver minha vida com você" mesmo que não fosse eterno.

Tem dia que tudo bem, a gente aceita perder, outros dias eu nem queria sair da cama e isso não é depressão, é dificuldade de carregar o peso do quanto eu ainda tinha pra dizer.
 
Ela não sabe ser feliz, é essa minha tristeza.

Monday, December 15, 2014

Talvez não pensar seja esperar demais.

Talvez não fosse pra ser... Simples assim.

Talvez não fosse pra ser como amores de verão que acabam com o final das chuvas, nem amores de inverno que esquentam os pés em manhãs frias, talvez não como filmes, seriados e reviravoltas, mas bem que poderia ser a gente.

Bem que poderia ser do tamanho da saudade, poderia ser gostoso como sorvete em dia quente, como sorriso de criança em dia de chuva ou saudoso como tempos em que está tudo bem, esteja como estiver.

Talvez fosse só pra contar pra alguém como tem coisa que te faz bem, não contaria à todo mundo os buracos que tropecei, assim como você. Talvez fosse apenas um segredo embaixo do seu travesseiro, um pensamento inoportuno sobre amor, queria que aqui fosse fácil congelar também.

Um tempo para todo o tempo do mundo, um esquecimento pra todo carinho guardado e um pra cada lado como se fossem placas de caminhos separados.

Friday, December 5, 2014

Ah, se ela soubesse...

Ah, se ela soubesse o quanto eu gosto dela isso já estava explicado.

Sabe aquele gostar gostoso que coloca alguém na vontade do abraço?
Que sozinho te faz sentir com o braço maior que o mundo?
É quase isso, e, às vezes, é mais que isso mas vamos deixar essa conversa em aberto.

Não sei qual o medo de sentir frio na barriga e matar borboletas de madrugada mas eu respeito, também tenho minhas fobias, tudo na vida tem um preço e eu paguei pra ver tudo lá de cima.
Agora eu acho que o elevador quebrou, vou sentar e esperar o mundo me chamar pra descer e, quando chegar lá embaixo, vou olhar como tudo mudou no céu.

Alguém passa na casa dela, grita na janela que minha saudade não chegou até lá mas vai longe e, se ela quiser ouvir, leve alguns versos que guardei no silêncio presente na ausência.
© pensamentos voam com o vento;
Maira Gall