Friday, December 19, 2014

Ninguém nunca fez nada por ela.

Temos medo do que não conhecemos, é da natureza humana temer o incompreendido e sabemos disso. Não sabemos nada sobre o amor, sobre o amar, sobre o céu ou o mar.

Às vezes confundimos amor com milhares de outras coisas, amizade, carinho, com uma pizza gigante de mussarela, com um pôr-do-sol e, alguns, com pessoas. Eu já confundi amor com alguém, aposto que você também.

Ela era legal, tinha aquele sorriso sem graça no canto da boca que me deixava com vontade de sorrir também, tinha os cabelos bagunçados de manhã e a cara inchada de sono, tinha dia que eu confundia ela com borboletas no estômago e, talvez por isso, tentei ficar por perto pra ver o mundo girar mais rápido.

Talvez o problema tenha sido só o medo, ninguém nunca fez nada por ela. Não mandaram recados de bom dia, não disseram pra ela o quanto o dia era melhor quando ela dormia mais perto, não apresentaram pra ela o amor... E eu que, na inocência de querer bem, tentei me aproximar, a assustei.

Não que eu seja um louco que vá cometer um assassinato por não ser mais amado, eu só confessei que gostava dela. Acho que ela confundiu o meu gostar com a sentença de que a vida só seria a mesma se ela fosse minha, não era assim, eu gostava dela, queria cuidar, queria viajar pra conhecer a família se um dia precisasse, não queria um contrato firmado em cartório dizendo "Agora você é minha, não pode mais viver", no máximo esperava um recado dizendo "Quero viver minha vida com você" mesmo que não fosse eterno.

Tem dia que tudo bem, a gente aceita perder, outros dias eu nem queria sair da cama e isso não é depressão, é dificuldade de carregar o peso do quanto eu ainda tinha pra dizer.
 
Ela não sabe ser feliz, é essa minha tristeza.

Monday, December 15, 2014

Talvez não pensar seja esperar demais.

Talvez não fosse pra ser... Simples assim.

Talvez não fosse pra ser como amores de verão que acabam com o final das chuvas, nem amores de inverno que esquentam os pés em manhãs frias, talvez não como filmes, seriados e reviravoltas, mas bem que poderia ser a gente.

Bem que poderia ser do tamanho da saudade, poderia ser gostoso como sorvete em dia quente, como sorriso de criança em dia de chuva ou saudoso como tempos em que está tudo bem, esteja como estiver.

Talvez fosse só pra contar pra alguém como tem coisa que te faz bem, não contaria à todo mundo os buracos que tropecei, assim como você. Talvez fosse apenas um segredo embaixo do seu travesseiro, um pensamento inoportuno sobre amor, queria que aqui fosse fácil congelar também.

Um tempo para todo o tempo do mundo, um esquecimento pra todo carinho guardado e um pra cada lado como se fossem placas de caminhos separados.

Friday, December 5, 2014

Ah, se ela soubesse...

Ah, se ela soubesse o quanto eu gosto dela isso já estava explicado.

Sabe aquele gostar gostoso que coloca alguém na vontade do abraço?
Que sozinho te faz sentir com o braço maior que o mundo?
É quase isso, e, às vezes, é mais que isso mas vamos deixar essa conversa em aberto.

Não sei qual o medo de sentir frio na barriga e matar borboletas de madrugada mas eu respeito, também tenho minhas fobias, tudo na vida tem um preço e eu paguei pra ver tudo lá de cima.
Agora eu acho que o elevador quebrou, vou sentar e esperar o mundo me chamar pra descer e, quando chegar lá embaixo, vou olhar como tudo mudou no céu.

Alguém passa na casa dela, grita na janela que minha saudade não chegou até lá mas vai longe e, se ela quiser ouvir, leve alguns versos que guardei no silêncio presente na ausência.

Thursday, November 13, 2014

Surpresa

É um recado, um bom dia inesperado, talvez um "estou te esperando" escondido dentro de um "sinto sua falta", é uma risada sem motivo, é uma lembrança toda vez que assistir aquela propaganda que cê gostava, um pouco de cerveja em uma sexta-feira quente, tudo é surpresa... Todo pouco gesto de surpresa é alegre por si só.

Eu queria saber lidar com problemas sem me movimentar, não é a dúvida que me consome, é a falta da certeza... E sim, são coisas diferentes.
Gira o mundo, pira vagabundo, águas passam levando o rio de volta ao mar pra matar a saudade enquanto eu fico aqui tentando voltar no tempo, sentei e esperei o passarinho te encontrar e entregar um recado: A vida é uma surpresa.

Ficou surpresa? Eu sinto sua falta... alegre por si só.

Monday, November 10, 2014

Se eu me apaixonar, me desculpa.

É muito caminho pra andar sozinho, disso não restam dúvidas.
Não tenho muito a oferecer, talvez seja pouco um coração mas azar de quem não aposta alto.

Eu vejo o mundo todo errado transformando a vida em um inferno e eu queria tanto morar na calmaria do quarto fechado.
Como eu poderia me desculpar se eu me apaixonasse?

No futuro, claro... Vivo em apuro e não é mais esse meu medo.
Só não quero mais ver o tempo esperar ser tarde demais pra gente falar "bom dia" todo dia de manhã.
Por mim, amanhã... mas só falo no futuro porque, no presente, não sei guardar segredo.

Friday, October 24, 2014

Sobre saudade

Saudade tem limite de velocidade?
A minha deveria ser multada pela ansiedade.

"Não perca seu futuro por culpa do seu passado."
A gente nunca leva a sério as placas no caminho, deveríamos ler a mesma frase duas vezes e guardar, aprender.

Já se perdeu em um labirinto? Eu me sentia assim nos últimos meses, procurando uma saída... Sempre procurando uma saída.
Nesses corredores corri como um louco, bati a cara nos muros e, ainda assim, não aprendi com as curvas.

Era mais fácil quando não se envolvia sentimento, qualquer coisa se complica com o bater mais forte do coração... Velha regra e, agora, não tem mais onde ir no final da linha.
Eu vou sentir saudade todo dia, eu já sentia, mas toda saudade é maior quando não tem hora pra acabar, é como morrer todo dia aos poucos sabendo que passou e o passado me deixou amarrotado.

Sabe nega, eu achava que seria difícil ficar com você... vai ser pior ficar sem.

Thursday, October 23, 2014

Assassino de borboletas

Odeio ficar sozinho, somente eu e minhas tretas...
Ultimamente me fechei, me tornei um assassino de borboletas.

Franco atirador de expectativas, sumo como planos em meio à fumaça que se dissipa no vento, jogo com o tempo, sumo de mim mesmo como quem se afunda no lamento... Ou, pelo menos, tento.

Morri em missão de paz há muitos anos atrás e agora vagando entre histórias procuro um lugar pra descansar, uma árvore pra me deitar, um bom livro pra ler e não alguém pra me deixar.

Monday, October 20, 2014

Coleciona(dor)

É muito confuso esse vai e vem, gente pra todo lado, não sei ainda se o caos aqui dentro é maior do que lá fora, já te contei isso né?

Tem dias que eu sinto mais saudade do que deveria, alguns outros até que me viro bem, conto estrelas pro tempo passar mais rápido e a cada três estrelas, uma saudade a menos pra contar... Até essa conta começar a falhar.
Entre minha coleção de desencontros, te encontro e fiz uma nova coleção de adesivos pra remendar o peito.

Quer fugir comigo? Daqui pra qualquer lugar.
Só escapar dos pesos e dos outros.

Divido em mil pedaços embalados pra presente, com um laço e um abraço.
Te guardo como um segredo bom de lembrar, mesmo quando precisar esquecer.

Wednesday, August 13, 2014

Não me jogo mais.

Tanto trabalho e pouco tempo pra consertar a falha.
Tanto amor? Tanta migalha e nesse jogo só jogo toalha.

Na gambiarra a vida vai passeando, jogando ao vento a sorte pra te ver correr em círculos atrás de pipa, perco a linha lembrando o quão grande é a distância entre o peito e o céu hoje em dia.

Tá, a gente cresce, alcança o alto da estante mas em um instante perde o chão, isso eu já aprendi mas ninguém disse que crescer me tiraria a vontade de correr por campos, de terra, não batalha, eu nem aceitaria que o fizessem.

Carrego o fardo de que vou passar a vida nos montes olhando o horizonte distante sem tocá-lo, tudo bem pra mim, já se foram tantos outros montes de mentiras e histórias tristes que, quem sabe, o sol bata do outro lado do frio.

Monday, August 11, 2014

Eu vi.

A vida é natural, acontecimento.

Dividi os pensamentos, uma linha que separa loucura e sanidade, o que é lembrança e saudade, o que é carência e afinidade, no meio da bagunça das gavetas guarda-se um canto pra dormir... pra não sair.

Esbarrões e tudo muda, o dia nasce mais cedo quando a gente olha o sol sem arder a vista.
Já colocou num pote tudo que lhe aperta o mundo? Abre espaço no peito e guarda a caixa velha no sótão.

Só tão, assim e só então, tão só que permaneço aqui mesmo quando a chuva acaba.
Entre motorista, calçada e alma calada.

Monday, July 14, 2014

Espera.

Segura a minha mão e não solta que eu não sei caminhar nesses cabos de aço.
É frio andar sozinho e deixar partir, poucas vezes na vida eu pedi pra ficar, fica?
Quando o vento for forte, formar cicatriz o que já foi corte, quando a gente perceber que nem tudo entre a gente foi questão de sorte.

Espero no ponto de ônibus a chegada do futuro pra ver o sol nascer, já colocou cachecol em boneco de neve?
É quase a mesma história triste de que a vida te colocou no caminho errado, depois daquela curva tem felicidade, dá pra ver os reflexos daqui.

Nessa viagem eu não posso ir sozinho, aí me diz... Segura minha mão ou me deixa na escuridão?

Friday, June 27, 2014

Que seja como quiser.

Comprovado, ninguém quer que seja assim, apenas acontece.

Gostar, não gostar, falar, não falar, pensar, não pensar, querer, não mais querer... Tudo acontece e, depois que aconteceu, a gente pensa o que fazer. É como ficar doente aos poucos e não tomar os devidos remédios, sempre faço isso.

Acho que tudo diferente me deixou encantado demais, a vida tem sido uma turbulência nos últimos anos... deve ser por isso achar estranho a calmaria, isso sempre precedeu tempestade.

A gente sempre toma cuidado pro barco não virar, ondas são a prova do esforço.

Agora decide se me ampara... ou me afoga.

Rio, pra não chorar.

Existem dois tipos de gente, pontes e rios.

Pontes esperam passageiros paradas em seus postos, o rio não pára e quanta água já passou desde que cê chegou? Tudo bem, há tempos não sentia saudade de ninguém.

Caminhando entre 8 e 800 a gente sempre fica sem reação, é como descer correndo a escada rolante que sobe ou mergulhar em local desconhecido pensando: "Tomara que não tenha nada lá embaixo."

É chato não saber o que dizer mas, ainda pior, é deixar qualquer outra coisa deixar falar mais alto, os hóspedes tem sono leve e não queremos reclamações na recepção.
Não sei se entre o que se atende e se entende tem algum bilhete pra viagem... Mas, eu te levaria pra passear se não preferir andar sozinha.

Monday, June 23, 2014

Eu não queria ver o amor por esse lado.

Já se arrependeu muito de uma coisa na vida? Geralmente a gente sempre direciona esse pensamento pra alguém. Pensa de novo e se arrepende... é assim que funciona.

Aquela história triste de que o amor não existe não tem residência fixa, tá espalhada por aí e o pior é... ele existe sim. Guardado entre trapos e farrapos, batons secos e guardanapos, fotos velhas e arrependimentos guardados.
Eu só me arrependo daquela mancha amarga no tapete, aquele buraco no fundo do aquário, a cinza do bolo no sofá e toda aquela pilha de "eu não me importo mais" no fundo da sala.

Há tempos que a vida prega peças e sou do tipo de gente que sempre cai em pegadinhas, meu pecado é dar voltas e mais voltas em torno do mesmo sol que todo mundo, queria um sol só pra mim.
E aí o vento bate, a vela apaga e a gente lembra que não existe amor, existe talvez a vontade de ficar perto, dormir junto, mas isso não é amor.

Pode ser que apareçam marcas e folhas rasgadas... Mas, se isso fosse amor, meus poemas estariam registrados em um cartório sem nome.

Sunday, June 15, 2014

Tá cada dia mais difícil ser sincero.

Quanto elogio a gente guarda, pensa tão bem e trata como se tivesse tudo na mesma só pra não mostrar empolgação demais, talvez não parecer interessado demais, vulnerável demais.
Fácil mesmo é o xingamento, não existe nada mais sincero do que aquele palavrão quando se chuta o pé da cadeira, aquele carro devagar no trânsito ou aquele tropeço no caminho. É muito mais fácil demonstrar rancor, amor demanda interesse, algo que falta por aqui.

Fato, às vezes é melhor ficar quieto, a gente sabe disso, só não pratica o quanto deveria. O ouro do silêncio, a prata da conversa e que se foda o bom termo feito pelo simples agrado, você pensa bem pra elogiar.

Friday, June 6, 2014

Entre a razão e a solidão.

Antes de perguntar as horas, aproveite o tempo... Foi esse tipo de coisa que aprendi quando o vento parou de soprar e as velas baixaram.

A gente é um oceano inteiro em um pedaço de carne e confusão, as únicas opções são naufragar ou navegar... Aí você que escolhe.

Eu? Naufraguei... E lá do fundo eu vi que existe vida onde nem se pode respirar, quase como nos sentimos quando perto do seu outro continente, tanta água, tanta mágoa e ainda há terras por descobrir.

Entre tudo e todo tolo lugar que eu queria conhecer tem você, mas tem tanta coisa que te perdi nas caixas...

Eu sou um poço de qualidade e defeito, só que o lado do defeito é mais fundo e de tanto a tão pouca água, eu me afogaria acompanhado.

Thursday, May 29, 2014

O carteiro;

Sinto saudade de olhos sorridentes, sorrisos despreparados, inocentes... Outro outono é inverno e todo dia demora um pouco mais pra passar.

Não tem ninguém na porta mas eu ouvi a campainha, não abri e deixei o medo passar pela casa do vizinho, nesse bairro todo mundo se trancou no peito e as portas só permanecem caso haja a necessidade de sair, não há espera de visitas pra entrar.

Hoje deixei escapar seu nome sem querer chamar ninguém à perfeição, o tempo pode me bater à vontade que não vou confessar que moro na rua da saudade.

Mas, isso não tem nada a ver com amar, mas sim com amor e é tolice não assumir que caminhamos descalços por medo de gostar dos sapatos.

Monday, May 19, 2014

Pedra, papel e cenoura

A lei de pedra, papel e tesoura é inevitável, pedra não ganha de papel, papel não ganha de tesoura, tesoura não vence pedra. Pessoas de pedra não vencem na assinatura de um papel, o corte da tesoura não cicatriza quem sozinho anda rolando por aí.

Respeito não há, há mais peitos que resquícios.
Lá fora, onde bate o vento, é o certo pelo certo, mas quem tá errado perante a si mesmo?
O telefone nunca toca daquele jeito, no outro lado da linha do número que eu nem conheço mais, alguém olha pras teclas sem pensar em ligar.

O vazio pode ser grande, mas se é vazio, como ocupa espaço?

Friday, May 2, 2014

Pedestres.

Entre carros e faixas de pedestres temos pequenos espaços pra viver, bem pequenos, hoje em dia é todo mundo tão cinza que minhas tintas não resolvem o problema... Como se fosse uma equação.

E se resolver uma equação é encontrar todos os valores possíveis para a incógnita, estamos perdidos em meio a um meio em que não se sabe o valor de ser e a diferença de ter. Ser para alguém ao invés de ter alguém, ser disponível ao não estar disponível, sermos o problema a resolver em vez de termos mais problemas pra resolver.

Pela vida, a perfeição corria pelos dedos entre um bom dia sem resposta e um boa noite sem companhia. Com tanto direito humano e pouco humano direito, que direito temos de nos sentir humanos?

O frio na barriga seria uma explicação.

Thursday, April 24, 2014

A montanha-russa e o eterno do meio pro fim

A vida fica mais leve pra quem tira o prego do peito, sabemos disso e ainda nos deixamos aos martelos.
Quase certeiro, como uma abelha trocando a vida sem exitar a picada. Dói né?

A gente sempre gosta, sempre. Mesmo que olhando sorrir em meio aos leões, não se pode jogar comida aos animais, por isso, visitantes não entram na jaula.
Talvez isso seja só uma péssima comparação... Talvez não seja uma comparação.

Compreendemos tudo errado na aula, não dão cursos como "O que fazer com corações enferrujados"
...Com certeza me inscreveria. Seria uma coisa útil de se aprender.

Do meio pro fim, todo mundo levanta a mão na descida da montanha-russa da vida...
Mas, isso não quer dizer que você não possa tomar sorvete sozinho.

Já achou um cachorro na rua?

Sempre fui azarado, não achava nem moeda enquanto meus amigos contavam notas encontradas na rua, sempre fiquei olhando pro céu pra ver se achava uma nuvem cadente.

Nas buscas vi o céu abrir e fechar diversas vezes, nem sempre de acordo com a estação do ano, estas são como o ano todo, até mais ano se eu pudesse dividir o chuveiro quente em uma ilha deserta, um vinho frio em uma pilha de coberta... O céu fica longe do chão e eu não sei voar, mas onde eles ficaram com medo de cair... Eu pulei por diversão.

Um dia eu encontro o ponto de partida desse motor velho, vai que a carroça anda.

Abrir os olhos.

Hoje, ficamos entre ser e parecer feliz com os olhos vendados.
Tem tanta coisa pra ver que a janela fechada é um pecado, o vento que levou ela embora trouxe mais coisa, frio por exemplo... Mas até flores nascem no inverno.

Tudo tem dois lados, um deles sempre vai estragar tudo.
Tudo é relativo, nada também. Confuso né?
Faz sentido dizer que se tornar só, sozinho, deixa mais forte quem não interrompe os carros na avenida, triste é dizer que o semáforo ficou aberto quando saíram pra se encontrar, esse é meu desconforto.

Quem pode parar você quando mal conseguem encontrar motivos pra seguir em frente?

A gente supera quando erra, dos erros no pódium só errou aquele que achava que não conseguia superar. Ganhou. O prêmio? Superar o tamanho da pedra que colocou no caminho.

Depois de tanto perder, ganhou o tempo... Tempo pra pensar, talvez por isso não saia pra caminhar.

Monday, April 7, 2014

"Já estou cheio de me sentir vazio."

Estar livre não liberta já que viver se restringe a quem se sente vivo.
Fato que não sabemos lidar com a ausência, seja de fé, de companhia, de amor ou de saudade... A falta que faz sentir falta.

Aprender a lidar com o mundo ou aprender a lidar com você mesmo, entre os dois, ainda acho o segundo mais difícil.
Sou um monte de tralhas que carrego por teimosia, entre a saudade de se sentir completo e a completa ausência de vontade... Não tenho acompanhado meus pensamentos, a dança dos dias deixou meus pés cansados de esperar um par, ímpar, desencontro, pedra, papel e tesoura.

Pega minha vida, coloca na sua mala e me esquece na rodoviária.

Tuesday, April 1, 2014

1º de abril

Não te vi mais por aí... Naqueles cenários que eu te colocava mesmo sozinho.
Tem dias que eu passo pelos mesmo lugares e só percebo na volta que a gente sentou naquele banco pra rir do tempo passando, mas ainda não sei o quão isso é bom.

Não sinto mais falta de um nome, só daquela parada cardíaca momentânea quando os olhares se cruzavam. Voltei à comer coisas que me lembravam você ao som daquela banda que você gostava só pra provar pra mim que a escada rolante subiria depois de tanto descer.

É não sentir mais falta do perfume, só do cheiro.
Não é solidão, é sentir falta do travesseiro.
Não é pensar em você, é pensar na falta que nos faz se sentir inteiro...

Passou, como tudo na vida passa, ficou, como quase que tudo passa, fica...
Passa, fica e se passa pacifica, mas talvez não seja mais paz que procuramos.

Monday, March 3, 2014

Bloco do eu sozinho.

Acho que espero um amor que não acredito mais, tem dias em que tudo que eu queria era o silêncio entre meus pensamentos, sinto falta de mim mesmo.

Na vila toca o som da vida, cada um se protege como pode, entre as esquinas fica a insegurança de atravessar a rua sozinho e eu só queria um par de mãos pra segurar.

No largo dos leões a festa vai até tarde e só dança no jantar quem não ficar pra sobremesa.
Coloquei minhas fichas no balcão, pedi duas cervejas e me sentei sozinho pra ver o bloco passar.

Thursday, February 27, 2014

O outro lado da moeda

Será que a sorte depende do lado da queda da moeda? Do lado de cá as moedas sempre seguem a lei de Murphy, deixam o peso decidir.

Na física sentimental existem dois lados da moeda, a sorte e a morte, o sul e o norte. E você? É forte?

Deixa cair da mesa o corpo pra ouvir o barulho do coração despedaçando, é bonita a vista de cima e até a queda tem paisagem.

Quando o vento leva a folha pra dançar não tem música tocando, já reparou?

Tuesday, February 25, 2014

Mulheres se amam mais.

Começa de dentro pra fora a guerra, sempre foi assim.
Humanos passam a vida a remoer seus falsos ecos, aprendemos cedo que é proibido perder.

Homens são pretensiosos, requintados nos detalhes mais inúteis de qualquer relação, perdidos nas datas e horários, acumulando a vida em frações. Perdemos mais tempo decidindo o que fazer do que escolhendo um prato no restaurante.

Mulheres não... Superam mais fácil as quedas, mulheres andam com uma pulga na orelha que não deixa olhar pro chão, fácil saber quem terminaria na comodidade do aconchego, outro em branco esperando a chegada do sossego. Aprendi com a minha mãe que há uma que não se derruba, diferente do que eu julgava forte, entendi porque ela sempre voltava do trabalho... Mulheres precisam de um lar.

Com todo cuidado de uma flor, a teimosia de uma montanha e um despenco do tamanho do mundo elas passam entre os dedos todos os dias, só ficarão os anéis que servirem. Outro dia a vontade passa e o jogo começa de novo, independe à disposição do jogador, continue com as fichas na mão até chegar a sua vez.

Não siga regras, mesmo que a regra seja ela.

Friday, February 14, 2014

Nunca fui poeta.

Seria poesia se coubesse numa linha.
Ainda espero o outono pra colecionar folhas secas com pontos finais, reticências e petulâncias.

No conflito das palavras, as cinzas voam com o sopro do lobo e chegam até o fim da linha, ponto final e próxima parada, como se a vida fosse um trem, deixa transportar o que há de transbordar.

O pior inimigo me olha nos olhos todos os dias pelo espelho, cala o agouro de que enquanto tudo estiver bem, não se precisa pular os muros. Queremos o que não podemos, só pra vida ter a graça de perder pra aprender, perder sem aprender e errar por não ter aprendido.

O valor é pequeno, pago em parcelas diárias e a cada dia a estrada é mais longa... Nem todo mundo aguenta o pique da corrida, eu fiquei parado naquela curva olhando os participantes dançarem os dias, já conheço o finais de todos esses filmes inéditos... Maldita retração do psicológico.

No borrão do batom a assinatura do dizer que: "Sincero é apenas o frio da janela pra dentro."

Monday, February 10, 2014

Já que não tinha pra quem entregar.

Tenho ficado tempo demais em casa, sabe como é? Tá um tédio lá fora.
O mundo anda afim de aprontar, somos uma geração sem samba. 
Tem lacunas entre as coisas que quero e faço, devia ser assim com você. 
Já pensou que legal se as pessoas fossem reais?

O tudo longe fica perto de um passo e, hoje em dia, até tropeçar leva pra frente.
A vida devia ser um eterno "não gostar", reclamo que o dia demora pra passar, reclamo do peso que carrego no peito... Mas, afinal, de que adianta reclamar do que não se livra?

O primeiro passo do amor é o não gostar, a negação, a falta de coragem em assumir que achou um baú sem chaves na sala. O segundo é aceitar que tudo é pouco, pouco é tudo e muito são pedrinhas na janela.

A gente só vai se gostar quando não gostar de ninguém...
As pessoas são assim, apaixonadas pelo erro.

Já que foda-se, fodam-se... Vivam, a paisagem muda a cada janela.

Monday, February 3, 2014

Divisão.

Aprende a deixar as coisas no seu lugar, o que é saudade do passado e o que é vontade de voltar. Nostalgia não é saudade, nem tudo é como o velho "Não mudou nada", tem coisa que mudou e mudou muito.

Você não é a mesma pessoa que acordou ontem, aquele tropicão na avenida te ensinou a tomar mais cuidado onde pisa. É fácil falar que saudade machuca e aperta o peito, isso se chama ansiedade. Mas vou te dizer uma coisa... Não espere o que você não sabe quando vem.

O mundo é mesmo um moinho mas só coloca o coração na máquina quem quer, as voltas tonteiam mas, quando acabar, pra que lado você vai correr?

Não tem pra onde fugir do que você carrega.

A vida é uma só, verdade.
Mas a gente leva a vida só... é isso e só.

Não se acompanha quem nasceu pra ser sozinho, não se completa quem nasceu pra não ser seu.
Dividido entre 2, 3, 300 e o egoísmo... Quanto dá?

Wednesday, January 29, 2014

Passa o passo, passo a passo.

O tempo tá passando, todo dia passa o carteiro, pára, olha a numeração e deixa as cartas do vizinho, só minhas contas não se atrasam.

Ficar velho é normal, não é nada demais ver que a vida te achou idiota demais pra parar ao seu lado, passou tão rápido que arrancou tudo do lugar... No meio da bagunça achei uma coleção de palavras mais afiadas que a língua.

Sempre sonhei com o semeio hereditário de sentimentos bons mas nada nasce em campo de guerra, meu peito é o canto em que o barulho interno abafa o canto.

Eu queria me casar, fazer planos de travesseiro, repartir a cama e o coração. Eu queria crianças correndo na sala... Mas eu queria ter super-poderes e também não tenho.

Cada um tem o que merece e eu... Bem, eu não tenho nada.

Garçom, por favor, algo que me coloque no presente, uma dose de segredos em silêncio que foram ditos um dia.

Mas não se iluda com belos poemas, já diziam: "Faça um verso bem bonito, diga adeus e vá-se embora."

Monday, January 27, 2014

Faltou dizer isso.

Eu não sinto a sua falta, todo mundo sabe disso.

É como dizer que bom dia é só depois das 14hrs, faço isso quando acordo com sono, principalmente depois de pesadelos.

Acho que pesadelos são recados rascunhados pela mão contrária da escrita, nota-se que é fácil encontrar verdades nos sonhos assim como mentiras descaradas, tipo invencibilidade ou simplesmente coragem de dizer, de sonho a pesadelo só muda a doçura no tom de voz.

Acordar às vezes é olhar o calendário, ver que o ano mudou, tudo mudou, menos você.

Eu não sinto sua falta, eu sinto falta de como você era nos meus sonhos, aquele clarão nos olhos ao abrir a janela do quarto dizendo: "Já é hora do almoço."

Mas isso é só um detalhe entre tanta coisa que eu guardei nos envelopes que deixei o carteiro entregar pra Deus. Talvez sonhos sejam sinais.

Mas, juro, isso não é saudade, é... Outra coisa.

Wednesday, January 15, 2014

Varanda

Coloquei todas minhas desculpas em um lugar que você não vai alcançar... Sabe por quê?
Porque não quer.

Vou ser daqueles velhos que não levantam as mãos na montanha-russa, vou colecionar selos já que não se coleciona as bocas que os deram. Quando o tempo passar, eu vou ser uma daquelas pessoas que fica na varanda procurando desenho nas nuvens e pedindo pra algum passarinho esquecer as asas por perto.

Não tem muito o que dizer sobre o que não se conhece muito bem, me complico entre os pensamentos e se andar na linha, o trem pega.

Me tenta o sol, o calor dos dias que eu vejo da janela, mas tudo bem, um dia vou me sentar na varanda.

Monday, January 13, 2014

Cartas ao sol.

Não tem lógica manter tudo no lugar a vida inteira, não há jogo que se contente em não passar de fase.
Eu pratiquei a despedida durante a minha vida inteira e até hoje sou péssimo nisso, não consigo trocar os capítulos do livro antes de dormir, aí eles aparecem nos meus sonhos.

E quando você acordar vai continuar tudo como está, as coisas no mesmo lugar... Eu nem trocava os móveis de lugar por não saber como pedir permissão, só troquei de supetão.

Se eu disser tudo que é verdade, me odiaria... Não ela, eu mesmo me odiaria, mas não é aí que tá o problema.
Já montou um quebra-cabeças com as peças viradas pra baixo? É quase isso.

Não sei apagar linhas escritas com tinta de tatuagem, me lembro da dor das agulhas e da alegria das cores com a mesma frequência. Rasguei todos os pedaços e escorreguei quando fui passar.

Não vou dizer mais "dessa vez..."
É só mais uma vez, talvez dificultar as coisas facilite a obstrução do frio, são apenas obstáculos que me fazem ficar andando em círculos... Ainda não me acostumei com as voltas.

Sangrei no papel cada palavra, quem sabe um dia essas cartas peguem fogo na sua lareira.

Friday, January 10, 2014

Chão de areia.

Não é a queda que assusta, quantas vezes fui eu mesmo que me coloquei na beira do penhasco?

Não é explicar que ameniza o batimento, o consolo é interno quando o problema é cardíaco... Quase me internei.
Bate o vento, bate o tempo, bate o peito inquieto, vivo incerto como os passos de um velho bêbado e já não lembro mais o endereço de casa.

Fui trocado por balas, não tinha troco dessa vez.
Seu João diria que é melhor assombrar porcos a viver assim, concordo com ele, assombrar porcos... São tantos.

Não sei onde perdi aquela confiança que eu carregava nos bolsos, fiquei na margem do rio olhando os peixes nadarem, dessa vez não vou pular. Nadem como quiser.

Bom dia, boa noite.
O lado em que navegar, não quero teu barco por perto.

Tuesday, January 7, 2014

O teto do mundo.

Sabe quando as coisas vão mudar?
Quando este teu céu cinza formar cores.

Parece até simples falando assim, mas de uma certa forma é verdade que a falta de cor abate a visão, divórcios são uma prova disso... Cor, de correr, cortar.

Não adianta gritar em silêncio em um mundo onde ninguém ouve seus olhos. Portais pro mundo todo, sem chaves e sem tremulações que ninguém se dispõe a passar.

O medo nos consome o tempo de consertar as coisas, o orgulho coloca as pedras no caminho e eu vejo quem desistiu caído em algumas curvas. Dói correr com o coração vazio, nessa caminhada já vi um ataque cardíaco salvar muita gente.

Tem coisas que a gente não pode evitar, o tempo corre mais do que você e nunca cansa, chega a ser desleal... Mas é a real. Tu sempre vai chegar em último enquanto correr contra o vento, tem que deixar abrir as nuvens.

Talvez amanhã de manhã o céu tenha uma cor diferente.

© pensamentos voam com o vento;
Maira Gall