A vida corre entre passo e passado, no meio da buzina dos carros é pouca calmaria que se encontra no caminho.
Hoje somos, talvez inconscientemente, levados a passarmos despercebidos pelas ruas, avenidas, bocas e vidas. Aprendemos a nos distanciar do próximo levados pelo medo de tapas e facas nas costas.
Eu desconfiei da sorte quando senti mais perto o perfume de rosas, frutas e desejos exalando do pescoço daquela morena dos cabelos negros como as noites em que as estações parecem se confundir... Quando me perdi, vi verão em pleno inverno.
Nos acostumamos a tomar cuidado com o bater do coração, mas eu já vivi descompassado algumas vezes e as melhores músicas foram tocadas perto do ouvido e longe do mundo.
Somos surdos, cegos e mudos aos olhos dos desavisados, nos interessa o calor do corpo, os dias que notas brilham no escuro.
Talvez seja esse o nosso medo, saltar aos olhos.
Eu a conheci, respirei fundo e pulei... O voo faz valer a queda.