Tuesday, December 24, 2013

Infeliz Natal, tudo de bom meu bem.

A espera sempre foi longa, há anseio na chegada do bem.

É tão incerto dizer que é simples viver, ter histórias novas pra contar, lembranças novas pra guardar. Quanto mais se quer, mais sente-se mastigado, o aperto do acerto... Não faz diferença, sempre retomamos histórias sem final.

Já passou o tempo batendo as portas na rua de baixo, o barulho acordou toda a vizinhança, arrancou da vida as velhas memórias surdas. Quem vai limpar essas folhas secas do caminho? Ninguém se dispõe ao trabalho de plantar o que não se sabe se frutificará.

O tempo faz esquecer o que perdemos entre os dentes... dessa vez não foi Natal.

Monday, December 23, 2013

Tem, po.

Meu relógio não sabe contar as horas, faz tempo que ele se perde em si mesmo, ainda não entendi porque, meio dia, meio variado.

As voltas do mundo mostram as diferenças entre nós, pessoas. Hoje tudo termina antes de começar, a verdade é cega, fato.

Fato também que não conseguimos o que queremos, pelo menos não imediatamente, as coisas requerem tempo pra se formarem, esse é o mal do apressado... Os calmos passam pelos dias, os ansiosos esperam o tempo correr por falta de opção. Teimosia, a vida não é um sushi.

Quando amanhecer vai ser outra chance de salvar sua vida... ou ferrá-la de vez. Aproveite-a bem.

Tuesday, December 17, 2013

Corações apedrejados.

Isso parece um leilão, tem muita gente portando preço
Grande liquidação de corações foi só o começo
Às vezes me esqueço mas me esforço pra lembrar
Teve um dia em que pessoas se abraçavam sem se apunhalar
Não insinuavam que se você se mexer, outro rouba o seu lugar
Grandes amigos, traidores e mentirosos têm agido da mesma forma
O tempo passa, o vento corta e nada muda à minha volta
E a revolta molda entre uma pedra e outra pedra no sapato
É tanto calo que escolhi andar descalço
Dispensando notas falsas mesmo sem 1 centavo
Da sabedoria do meu avô, aprendi 1/12 avos
Me mostraram que confiança só se deposita na família
Que existe atalho e trilha, o que é grupinho e camarilha,
A herança da mãe, a filha, os erros colocados em pilha
Formam uma fila, parece tudo bem só que eu já não aguento mais
A incerteza do futuro vem mas o tempo já não volta atrás
Eficaz massacre, a mente vira um campo de combate
Quando começa o arrebate, qualquer flor me distrai
A lembrança vira um prego fincado no peito
E é uma martelada a cada pensamento.

Sinceridade morreu de velha.

Sinceridade que não abrange o que lhe cabe
Ofensiva atividade em cada luz dessa cidade
Palavras são o conforto utilizado como ataque
Abraço de tamanduá, o traidor em desvantagem
Sem defesa, o caçador cercado, a sucumbir na mão da presa
Elogio se divide como um simples prato à mesa
Que ninguém se serve, observe ao se redor e se conserve
Pra ganhar a chegada da maldade no olhar basta apenas reparar
Quando mais precisar, os falsos vão se revelar
O que é seu vai estar lá, o que já foi não vai voltar
O silêncio vale ouro a se trocar pra quem não sabe o que falar
Ninguém acredita mais, ninguém confia ou tanto faz
Deixa quem vem, deixa quem vai, só importa o que que trás
Monopólio puro, ganância do homem maduro
Quem não sabe pra que lado pula, cai junto com o muro
Pelas costas todo tapa é faca
Mentira maltrata, o enganado só descobre quando acaba
o Pedro contra o Lobo na mata sem bala
Eles farejam pelo medo, só que nada me abala

Sincero na corrida de coração
Jamais sujei meu nome, boto fé na oração
Mentira se complica mete o pé pela mão
No terceiro tropicão chega ao chão.

Me dobro, me desdobro, a cada dia mais me cobro
A mente contando estrelas mas mantenho o pé no solo
Me assola o enfrentamento, falta de entendimento
Sedento pela vitória, como barreira me coloco
Ficar em pé venha aquilo que vier
O mal do burro é achar ser mais esperto do que é
Tem que tomar cuidado em quem não dá pra confiar
Uns aprendem a dar rasteira, outros aprendem a pular
E a queda quebra as pernas, agora aguenta com a patada
Andar direito é pedir demais pra quem só dá mancada
Não se comporta, não é Deus mas só escreve em linha torta
Perdido não acerta a direção na hora da volta
Erra o caminho, de tanto seguir os outros não consegue o caminhar sozinho
Ego inflável, personalidade inflamável, confiança é descartável
Difícil aqui é se manter estável.

Monday, December 16, 2013

Pai.

Fica eu e esse bloco de notas em branco à minha frente. Sabe quando você não sabe o que dizer?

Eu vivo sem saber o que dizer sobre certas coisas, mas sempre sei o que dizer quanto à mim... Mas dessa vez é diferente, sou um poço de vazio ecoando sem som e eu não aprendi a dançar as músicas em que a gente perde.

Caí em armadilhas próprias e o tempo não vai resolver esse problema pra mim, deixei à desejar a quem precisava de mim, de que vale mudar a vida se você não consegue salvar as vidas que dependem de você?
No caminho dessa estrada, tropeço e sempre cicatriza... Mas acho que dessa vez o tempo não resolve por mim o aperto aqui no peito, não há nada que se faça.

Palavras de conforto passam em vão entre meus dedos, não há o que se guardar como lembrança do que lhe faz falta, não que seja simples assim.,, Lembranças não cabem entre meus pertences.

Me faz falta e viver não vai completar esse vazio, ele se mantém intacto entre meus pesares e arrependimentos, guardo tudo aquilo que não fiz na carta que lhe envio em pensamento. Perdão.

Perdão pela ausência de palavras que definam o que eu guardo nessas lágrimas que escorrem esse rosto culpado, perdão pelas lágrimas, perdão pela vida.

Eu não queria chorar o vazio que guardo, perdão.
Você sempre vai ser uma das pilastras que levantaram um homem... E não vai deixar esse homem cair.

Thursday, December 5, 2013

Respirar a calma acalma.

Reparando nos olhares, nos vi vazios.
Montes de coisas não ditas carregadas nas olheiras, o próprio mundo já me tira o sono, eu o faço melhor ainda, já vi quem o faz melhor que eu.

E é assim que as coisas são, a gente guarda tanta coisa que era pra dizer e simplesmente "deixou pra lá"...
Lá onde? Onde você se encontra com suas próprias perguntas e continua repetindo as respostas?

Não que eu tenha tanto a dizer, a maioria das minhas palavras ecoam nos suspiros, mas tenho tido problemas pra dormir... Eu achava que não gostar de ninguém resolveria, descobri que precisava aprender melhor de quem gostar.

Com o tempo, todo mundo se conforma...
Calma, respira, agora já foi.

Monday, December 2, 2013

O baile.

A gente quer o que não pode, pode o que não quer e não faz nada do que precisa, mas me parece que não sou só eu assim, vivemos em meio à tecnologia que aproxima o que nos afasta de nós mesmos.

Eu queria levar ela pra passear, dar risadas em algum parque por aí, colocar aquelas músicas legais e ouvir ela cantar, errar a letra, errei o lugar que nasci, poderia ser naquela rua sem saída onde problemas não alcançam.

Me resta rir da vida, não que ela tenha muita graça, gasto tempo demais com pensamento, tenho agido menos do que devia, mas talvez por falta de oportunidade...

Sou velho demais pra essas coisas de coração, mas eu queria estar lá, por perto.

Saturday, November 23, 2013

Meio cheio.

Ando tão cheio que me sinto vazio, tão vazio que estou cheio disso.

Quando tudo acaba eu ainda fico aqui, não mudo a música, não troco as roupas, os cheques caducam nas minhas mãos e eu não troco os sentimentos por coisas novas.

Me tranquei nas lembranças de dias felizes, agora essas mesmas lembranças fazem meus dias mais tristes, fazem falta... E tudo que me falta, sobra em pensamentos monótonos. Que chata a vida sozinho.

Eu me vejo no espelho pela metade, todo dia, sabia?

Thursday, November 21, 2013

Em baços.

Como tudo na vida tem dois lados, saudade é como dançar na chuva.

Cinematográficos os passos ao ritmo do que não se sabe exatamente de onde vem, é bonito ver alguém dançar, às vezes eu sento na calçada pra assistir a chuva cair, tudo na vida tem dois lados como a rua.

Refrescante lavar a alma mas não se pode andar pelos atalhos, quem anda na chuva, se resfria... E se resfria, esfria. Maldito 21 passos que dividem minha casa e o sol. O tempo muda quando eu passo dos limites, talvez seja por isso que eu não passe mais tanto tempo debatendo com os muros da cidade.

Cinza a nuvem que vem, vai que é saudade.

Tuesday, November 19, 2013

Respostas.

A falta de resposta pra perguntas idiotas enchem meus dias de vazio. Sabe como é? Perguntar coisas idiotas do tipo como foi a noite, quais eram os planos pro final de semana... Quer sorvete?

Só fica o frio dos dias quentes e apressados, não se vende alívio nos bares dessa cidade. Tem dias que aperta o peito uma vontade de gritar pro mundo inteiro ouvir que eu não tenho nada a dizer.

É uma tese, mas meu relógio brinca comigo... e se diverte, quanto tempo faz que o tempo me deixou avulso ao passar dos minutos.

Na minha mala carrego pedras, pedras contam histórias em silêncio... Como eu.

Thursday, November 14, 2013

Um monte.

Da janela dá pra ver tudo se fechando, se apagando com o passar do tempo... Você foi tão longe e eu fiquei parado aqui, igual já foi um dia. Saudade é uma peça da minha cabeça que vive fora do lugar... Passou tanta gente enquanto eu te esperava.

Não são mais os mesmos dias, cada hora de distância aumenta o penhasco, não dava pra ver o outro lado... Eu não aprendi a voar. É como colocar uma linha entre ficar e cair, parece alto daqui.

O Monte das Incertezas aos montes é visitado frequentemente, passei muito tempo sentado naquelas pedras, pensando sem querer entender, apenas abandonar o peso do carma pra ver se ao menos assim, se encarrega do que me carrega o olhar sem direção, a certeza da dor, com ela vem o conhecimento, argumento... Queria costurar a boca do pensamento.

Achei, é dali que eu pulo.

Monday, November 4, 2013

Bati.

Tem dias que o coração bate em vão, nem sempre é opcional manter a respiração, se não fosse involuntário, talvez eu nem estivesse mais aqui... Teria morrido de saudades, várias vezes.

É uma merda querer se sentir vivo, procurar motivos pra viver ou pra, simplesmente, acreditar um pouco no futuro, nem todo mundo é bom nisso, eu sou um deles.

Eu vivo, não que eu quisesse morrer, mas queria viver, não estar vivo. Passo os olhos pelos lugares procurando motivos pra parar, passo o dia preenchendo um vazio enorme no peito com oxigênio pra não sufocar.

Mas é assim, desde que conheci o quanto precisamos de um porto seguro em um imenso mar de pessoas vazias, sem bússola e direção.

Friday, November 1, 2013

Tristonho sorridente.

O tormento, a curiosidade. O pensamento, a saudade.
O vento, a cidade. O lamento, atrocidade.

O mal é achar que uma dose de nostalgia não machuca, um pouco de doce não amarga a vida... Mas nem sempre é assim.

Há quem diga: "O que passou, ficou pra trás."
Mas uma pessoa sem passado é uma pessoa sem história, às vezes vale a pena revisitar lugares e sensações que não sabemos ao certo onde começaram e acabaram, mas, de novo, nem sempre é assim.

Às vezes com o passado voltam os mesmos medos, as mesmas inseguranças, os mesmos pesadelos.

Mergulhar é fácil, difícil é aguentar o vento frio quando sair da água... E ela sopra todo dia nos últimos dias, rebatendo nas pedreiras volta com a força que apertou o nó na garganta.

Vou fechar os olhos, não vou cair na maldição de procurar o que dizer, a saudade bate como um sino de igreja mas nem toda reza te livra dos pecados.

Friday, October 25, 2013

Caminhos.

Tem dias que queria colocar todos meus anseios em uma mala e colocar o pé na estrada. Quem sabe parar do outro lado do país, quiçá do mundo... Não me reconheço mais nos lugares que conheço.

Queria sair na rua e não saber onde eu estou, não conhecer as pessoas na rua, passar despercebido pela loja que procura, tropeçar em buracos novos, desviar de outros bueiros... Queria uma desculpa pra começar tudo de novo.

Vou jogar na estrada 1 desejo a cada km, 1 frustração a cada 10kms, 1 lembrança a cada 100kms e 1 coração a cada milha.

Quando chegar no destino final, decido o que fazer da vida, vou tentar me ocupar em vivê-la, não em planejá-la. Eu queria uma casa com árvore no quintal, um cachorro deitado na varanda e chinelos na porta do quarto das crianças... Eu queria namorar, fazer planos mirabolantes sobre como o mundo seria se fosse só nós dois, eu queria levar café na cama, esperar o dia amanhecer, tentar dormir... Eu queria ficar sozinho, andar de cueca pela casa, dormir do lado que quiser da cama, queria ficar sentado relembrando histórias que eu esqueci, eu queria tudo.

Mas de tudo, nada tenho... Quem sabe exista vida do outro lado do mundo já que metade do meu Eu ficou no ponto de partida.

Tuesday, October 22, 2013

Re-partido

"Eu vou te amar pra sempre."

Isso é mentira, ao menos esse amor platônico eterno em que o casal invade a 3ª idade com o vigor e a paixão dos anos dourados, mas não existe amor que simplesmente acaba também.

Não me arrisco a achar que conheço as respostas, mas acredito sim no tal "até que a morte os separe", talvez, apenas em uma conotação diferente.

A pior fase de um amor são os episódios finais, acho que quase equivalente aos dois lados... "Também morre quem atira."

Fica aquele sentimento de não sentir nada, talvez até de não saber o que sentir, se não é mais amor... O que seria?

Meu erro foi ter sentenciado de que só se separa o amor em ódio, saudade com rancor, dor com mais uma dose de nostalgia... Mas não é assim que um amor acaba, não quando é amor de verdade, descobri que o fim dos dias não leva tudo daqui, a gente não esquece, nem abandona, quem fez parte de planos infalíveis que falharam.

Restou o carinho, o respeito... O cuidado de não desejar nenhum mal, que apenas viva, deixe viver e quem sabe a vida lhe sorria com um novo velho amor. Quando se perde alguém, se esvai o sentimento por todos os falsos passos do "Vou mudar de vida", quem sabe seja o mesmo destino dessa estrada, quem sabe não dê em nada.

Não se odeia quem amou, quem o diz não conhece o amor.

Tuesday, October 15, 2013

365 dias.

Não se conhece uma mulher em menos de 1 ano.

Tá, confesso que há quem não reconheça uma em séculos, mas, no mínimo, precisaria de 365 dias para passar pela fase inicial feminina. Cada mina tem 365 faces que se alternam entre os dias que se passam, isso é um fato comprovado, não há um dia em que elas se repitam, ao menos não nesse círculo solar.

Não que essa regra se aplique a todo mundo, não haveriam regras sem exceções e isso também deve ser uma regra, assim como garotas que acordam sem decidir como vai ser dali pra frente, de manhã quer colo mas chuta as cadeiras e bate as portas no fim da tarde, quer carinho, cafuné, truques de mágica e um estoque sem fim de paciência pra passear por lojas nada interessantes (pra você ao menos).

Com o passar dos anos, alguns dias se repetem, alguns se perdem pra sempre... Nem tudo tem aquele gosto bom de nostalgia que deveria ter, mas existem atitudes doces como brigadeiro de panela com morango, cravo e saudade. Mulheres querem um centro de referência de si mesmas, aquele ponto perdido no mundo que parece o caminho certo.

Preste mais atenção nas pequenas coisas, principalmente nos finais de semana, guarde a imagem do cabelo bagunçado, arrumado, passado, lembrança... Se guarda e distribui, guarde as anotações pra saber como agir quando ela acordar naquele dia que os passarinhos esqueceram a música da Disney.

Wednesday, October 9, 2013

Em busca.

Confessa pra mim, tudo que você mais queria, não pode ter. É assim na maioria dos casos, coleções e mais coleções de cacos quebrados.

É como se a vida fosse uma eterna busca por um pedaço do azulejo que lhe falta, mas são pedaços tão pequenos que já devemos ter chutado as peças certas.

Sabe, nem tudo é tão ruim, tem dias que não é o brilho do sol que se ausenta e deixa tudo cinza, as cores estão no pulsar de quem fica do lado de dentro da janela, mentes acinzentadas não possuem vibração e não vai adiantar o sol sair se você não sair das sombras.

Assim os dias se passam, sentindo falta do que não nos pertence vagamos sem direção até, quem sabe um dia se lhe sorrir a sorte, chutar a pedrinha certa... Nem sempre faz mal andar olhando para o chão, eles acham que só existem pássaros no céu.

Sunday, September 22, 2013

É tão fora de moda ficar mal.

Hoje em dia não serve mais nada ter alguma coisa pra dizer, não tem nada novo aqui desde que o sol se pôs e essa noite fria se instalou. Malditas portas abertas, o vento surra o rosto e talvez tudo tenha mesmo um preço a ser pago com silêncio e oração... Nem fé na melhora tem adiantado.

Eu fugiria, mas todos os locais que penso em ir passam pela vontade de ver você, do outro lado da rua, sem você me ver como daquela vez... Eu viveria em mil pedaços todo dia por uma festa em que eu pudesse ver teu sorriso.

Há quanto tempo não te vejo sorrir, já nem deve mais lembrar meu nome.

E eu ainda tenho vontade de ligar, dizer qualquer coisa inútil só pra sentir aquele frio na barriga de novo, há quanto tempo não sei o que é isso... Mas eu sempre deixo pra lá, é melhor, não sei se faria tudo outra vez.

Não há beijos que completem linhas que já não são mais escritas, a história não se curva, apenas se ausenta.

Tropeço, mas você não vai me derrubar de novo.

Passe livre.

Pode passar o tempo, se passar pelo que nunca foi, passarem as roupas, os brilhos, os flashs, as fotos... Acho que pode passar até mais que isso.

Passam os carros, os dias, as pessoas, ficam as mágoas, as cicatrizes, as inseguranças.

Divide tudo que sentimos por dois, sobramos nós, almas a sós e na matemática da vida, eu não aprendi a calcular a distância entre os corações. Corações fracos da caminhada, nos cansa a falta de direção.

Pode passar, pode ficar, pode sumir... Mas eu nunca vou entender o que aconteceu com a gente.

Sunday, September 15, 2013

Rumo.

Um dia qualquer pode ser o mesmo dia memorável, apesar que já não me lembro mais de dias assim desde que o vento começou a ditar as ordens por aqui.

Quanto marinheiro já vi pedir o bote antes do bote dos próprios monstros que enfrentou no mar, sem saber o caminho de volta pra casa levou à remo a vida toda em círculos... No mar não há regresso.

Ninguém vai me dizer por onde minha embarcação passa, passa o tempo, passa a tempestade e o balançar dos tempos deu ritmo às ondas, vou remando ao caminho que me imagino a guiar.

Há tempos que eu não penso em terra firme, existem tantas ilhas... Só se falta o porto a construir.

Aprendi a carregar no vazio do peito meu lar e não importa onde vá, minha casa aqui está, com toda a bagunça das gavetas, baús de confusão espalhados pelo convés e outras mil histórias voando entre as velas.

Rumo ao norte, ao forte e ao seu ausentar do corte, a qualquer lugar que exista algo que me importe, não que exista... Mas já inventei tantas histórias pra contar, essa foi a desculpa do poeta... Poetas são uma piada.

Monday, August 19, 2013

Cartas.

Escrevo cartas com destinatário certo, mas sabe como são as coisas quando o Universo conspira contra né? Até o passar do tempo derrubou a caixa de correio na entrada... Agora as cartas voam todo vendaval.

Um dia desses, um pássaro cantou: "Tudo é um papel em branco, leve a impressão ou segure a pressão." Mas eu demorei tempos a entendê-lo.

Impresso fica aquilo que peço, minha vida tem parecido um deserto, sem vontade de ficar perto de ninguém, eu já fui esperto e mesmo assim não me dei bem.

É mais fácil achar dinheiro que amor hoje em dia, pedaços de papel não são motivos de alegria, é só a tinta que mostra o valor que lhe querem dar, mas quanto vale meus rascunhos? E aqueles bilhetes curtos que escrevi pra fazer alguém sorrir?

Meus papéis não valem nada mas eu assumi o compromisso de cumprir meu papel... Aonde quer que o vento os leve.

Friday, August 16, 2013

Essência, sem.

Um mal que carregamos, incontrolavelmente, é nos acharmos superiores, em qualquer coisa. Nos julgamos dignos de dar conselhos, como se soubéssemos mais do que alguém sobre a própria vida, achamos maneiras de pensar que estamos sendo notados, copiados, julgados ou apontados, somos todos feitos dos mesmos defeitos que nossas mães.

Não há orgulho algum em se dizer experiente sobre mazelas que atormentam os desolados, não resolvemos nossos próprios problemas, o que nos tornaria capazes de julgar problemas alheios?

Vejo o mundo como uma casa de espelhos, pessoas procurando a sua vida na janela do vizinho enquanto olham as novidades do mundo todo pela janela do computador.

Eu não lido bem com lições de moral mas acho que elas têm seu valor quando há moral no fim da história, até o He-Man fazia isso melhor que muita gente, odeio discursos sem ponto final.

Vou te dizer uma coisa, pra me convencer, não somos especiais, não somos capazes de muito além do próprio olhar, coloque-o onde lhe interessa, não é toda vida que quer seu destino digno de uma peça.

Caminhar.

Lembram aquela história sobre parar de escrever? Era verdade, só não na conotação que lhe parece. Eu acabei depositando toda minha fé nas palavras, como se elas resgatassem a lembrança de algo que eu perdi em mim mesmo, como se, entre as milhões de frases que passam pela minha cabeça, alguma diga aquilo que eu não encontrei como dizer, quem sabe a traga de volta, textos são pensamentos sem censura... Foi esse o ponto final de todo começo da conversa, estranho né? Mas faz sentido.

A mente se abre em caminhos que não percorremos enquanto conversamos, requer o silêncio de quem sabe onde pisar, assim, eles mudam a cada segundo que passa.

Eu queria respostas, acabei encontrando perguntas muito mais interessantes, quem sabe não seja isso que chamem de "ir em frente".

Thursday, July 25, 2013

O salto, o mar.

Você já pulou de um lugar muito alto sem ter certeza de onde iria cair?

Eu me sinto assim às vezes, o problema é que eu sempre pulo de novo, mas não é só a adrenalina que me fascina, não sei bem se a esperança é o que eu vou encontrar quando chegar lá embaixo ou se é a tentativa de, quem sabe dessa vez, acertar as pedras.

Nisso eu sou bom, pra ir embora. Cada volta dada ao redor sem a visão das mãos dadas comprovam minha teoria, não há de que se orgulhar quando se acaba um amor, não pode simplesmente dizer "Eu fiz tudo por ela.", não fez, acabou, "Eu faria tudo.", não fez, acabou, "Eu só queria você", mas só você quis, acabou.

E nos bailares da vida sempre vão ter aquelas músicas que você ouve por não gostar de ouvir, pra ver se lembrar de alguém se transforma em outro sentimento além da falta de si mesmo, quem sabe quando aquela música tocar de novo, eu já não ligue mais pro disco riscado.

Não há o que ficou, há o que passou... E vai de você decidir passar ou ficar, eu deixo tudo passar pra ver se um dia a dor passa também, ficar é uma missão dada às pessoas centradas demais, eu não sou assim, perco a cabeça com qualquer coisa, do bom ao ruim, do começo ao fim, não me encaixo no ponto firme de ser um porto seguro.

Me seguro na vida, mas minha vida continua balançando com as ondas.

Friday, July 12, 2013

A falta das gavetas

Não é nossa culpa carregarmos tantas lágrimas, isso acontece com o passar do tempo.

Junto histórias impressas em papel carbono todos os dias antes de dormir, mas meu quarto continua essa bagunça, é inevitável pensar em parar a arrumação, dias de faxina só me trazem lembranças que eu quero esquecer.

E se essa bagunça continuar? Não tenho mais gavetas sobrando pra histórias novas, não tenho mais baldes pra guardar essas lágrimas, não tenho mais palavras novas pra dizer que tudo que eu mais queria não faz mais parte do presente.

Tenho passado por muitos futuros mas nenhum me agrada, as histórias sempre parecem levar pro mesmo caminho que eu segui sozinho das últimas vezes.

Thursday, July 11, 2013

Pela janela, eu vejo a rua.

Comecei a reparar na vida lá fora, entendi uma coisa que meu avô dizia há muitos anos atrás: Somos contadores de histórias.

Somos, e a cada dia que passa acumulamos mais histórias pra contar e nem sempre temos alguém para ouvir.

Eu já dei milhões de voltas nessa rua tentando encontrar algo de novo, eu e meu velho dom de esperar o nada acontecer... Mas isso tem me rendido histórias, algumas eu nem vou querer contar, mas eu as conheço como ninguém.

"Cresça."

Não que valha alguma coisa mas o peso das histórias não fazem mais tanta diferença, ando cambaleante e entorpecido, mas isso não é novidade.

Eu me levantei mas tudo que eu queria era ficar deitado, em silêncio.
Não me animo com "Bom dia".

Escorre pelas cartas.

Sabe o que eu acho engraçado nas palavras?

São como descrições de tudo que existe, é o primeiro presente que recebemos: um nome, uma palavra que prove que nós somos nós mesmos.

O primeiro desafio da vida são as palavras, o exercício diário da necessidade de se comunicar, aprender a falar, aprender o nome das coisas, que existem ou não.

Durante o processo natural do nascer, crescer e morrer, lidamos com a facilidade e a dificuldade de encontrar as palavras certas para descrever ou entender o que não vemos.

É isso que me admira na poesia, o dom de alinhar os pensamentos, é esse dom que me admira os poetas.

Eu? Apenas escrevo, deixo no papel a explanação de coisas que não vão à lugar algum, tudo à minha frente é um cinzeiro, essa vista embaçada que não me deixa seguir as linhas, um papel em branco e o vento já apagou a luz das velas duas vezes nos últimos 5 minutos.

Soa quase como poesia, não na vida real é claro, a luz da vela, embora lúdica, me lembra que outro mês se foi, outra conta venceu e eu continuo deixando o mundo pra depois, amanhã a luz volta mas o vento frio que balança o fogo não vai mudar de direção.

Eu resolvo e sobrevivo, arrumo um cobertor se preciso, escrevo mais se for preciso.

Acho que era isso que os poetas faziam, escreviam nada pra seguir em frente parados rumo a lugar nenhum em busca de si mesmo.

Monday, July 8, 2013

Margem de erro

Quem vai te manter no lugar quando você não tem mais lugar pra ficar?

Em um instante tudo se foi e já não há mais porque procurar um porto, o mar é imenso e o correr dos segundos demoram o dobro quando os peixes não vão à superfície.

A dificuldade do marujo não é navegar, é o engano da bússola apontando o nome do destino.

O tempo faz chover, faz o sol dormir e leva a lua ao auge. O mar faz o barulho que seu peito silencia e o vento balança a embarcação. A vista é bela mas não a vejo igual duas vezes, os dias são ocilantes como as ondas e é você quem tem que se adaptar.

Quem não consegue, tem duas opções: pairar às margens assistindo à distância ou se jogar ao mar.

Passado a limpo.

Ainda não me acostumei com a falta que sua voz faz, lembrar do teu olhar me parte em dois mas quando você não tá aqui eu já não sei mais o que fazer para encontrar o todo, fico com medo de ver o quanto sou meus próprios defeitos.

Sem você a vida continua, a respiração ainda não parou... Mas mudou o ritmo do pulsar do coração, ele não sabe dançar sozinho.

Existe um caminho entre as linhas paralelas de nossas vidas onde eu possa cruzar a fronteira?

Desvio o pensamento procurando um lugar para ir, desvio dos meus próprios medos e falhas pessoais mas nunca consigo me desviar do laço, acabo sempre preso às mesmas teias das quais fugi.

Uma vida é pouco pra tanta ausência, devo ter te conhecido em Roma, talvez nossas almas tenham viajado milênios juntas, não sei você, mas eu te conheci sabendo que você já esteve aqui, por perto. Talvez eu esteja errado, a gente costuma falar besteiras quando gosta sozinho.

Uma vida é pouco pra falta que meu espírito sente do teu, meu corpo tem uma dependência sem explicação do seu, eu não sinto mais os perfumes, só você encaixava em mim, talvez isso tenha pesado na nossa perda.

Fomos feitos um para o outro e isso assusta, eu sei, não é normal a atração do cheiro, o encaixe dos corpos, os pensamentos simultâneos... Isso também me assustou.

Nos perdemos, mas não foi nossa culpa, fomos fardados a nos perder porque já conhecíamos o ditado, só não acreditávamos nele: Tudo que é bom dura pouco.

O resto da vida continuaria sendo pouco, te espero do outro lado.

O caminho da Cova dos Leões

Entre os escombros sempre houve vida sob a terra, a cada falha cometida aumentam as chances dessas vidas se locomoverem, algumas pesam e perseguem até a despedida.

Vivendo no chão, todos esperam o dia do vôo, é um sonho em comum e disseminado por milênios, sábios já diziam que o céu era o limite, até ser quebrado.

Caminhamos, mas nem sempre os passos são firmes e direcionados, quantas vezes pecamos por não saber que lado seguir? Inúmeras, não existem placas aqui em cima e os caminhos são de pretensão do destino.

Todo chão precisa de um céu, assim como toda metade sente a falta do inteiro, apenas observar o passar dos pássaros já acalma o coração pensativo, talvez tenha terminado seu tempo de voar, toda fila anda.

E se teu céu lhe negar companhia, procure no chão motivos pra se levantar, não adianta querer voar em dia nublado, o sol só vai aparecer quando quiser e sua vez já foi.

Meu céu tem nuvens negras e carregadas apontando o dedo para o chão, ela sempre foi céu, eu sempre fui chão. Por que? Porque no final das contas, ela sempre voa... Eu sempre acabo enterrado.

Cântico carregado.

Peço pro vento: Me leva de volta no tempo, me abandona um momento pra transformar em lembrança todo lamento, tudo que não compreendo.
Petrifica o pensamento, sentimento concreto como cimento, abstrato e ciumento. Quem sabe vendo não ache maneiras de cair no esquecimento...

Não tô me vendendo, só tentando ficar atento. O telefone toca, eu não atendo, chamada perdida que consome por dentro, me tira do centro, suburbano ao relento...
Confirmado o pagamento dos pecados que cometi vivendo.

Não sei se posso ser melhor, mas pelo menos tento... Peço ao vento de volta meu tempo.

Monday, July 1, 2013

Recolhendo cacos;

Quantas vezes vou ter que me machucar pra aprender que o fim do dia tem hora certa?
Mentir às vezes cansa e eu não vou mais me levantar, não vou mais tentar sair do chão antes que o dia amanheça, não me importa que eu não saiba porque o sol se levanta, eu só cansei de insistir.

Passei a vida tirando de mim tudo que me acolhia, passei anos colocando em vida toda uma vida que não vivi, decorando frases que nunca entendi... Posso lhe pedir um último favor?

Me explica por quê não podemos simplesmente sair correndo até esquecer o que ficou pra trás? Minhas pernas estão cansadas do peso dessas mentiras e eu queria evitar que você voltasse a ouvir minha voz.

Tenho um exército de soldados calejados, olhares vazios calam conrações inquietos e os morteiros ensurdecem nossos próprios gritos. A guerra nos torna frios e desacreditados, tanto faz o dia da morte.

Um mensageiro disse que o sol brilha do outro lado da montanha, seria bom aquecer o sangue mas talvez seja melhor me manter longe de você, o frio consola as balas perdidas do lado de cá.

Quanta coisa eu vi passar quieto.

Na quebra do silêncio acabei falando tanta coisa que não deveria, é difícil pensar que as palavras são golpeadas pela solidão e sempre soubemos que o medidor de nossas conversas é instável como o humor do barulho do vento.

As janelas dividem a vida, a casa e o mundo... Eu neguei tantas vezes, fingindo ser forte mas sempre foi verdade, me assombra o fato de não ter ninguém pra abraçar, não consigo aceitar a maldição de rolar no colchão e não ter lugar pra chegar.

Os dias vão passando e já se foi há tempos o tempo em que nos servia ter o que dizer, no escuro do caminho não são as descidas que me assustam, é o silêncio da direção.

Eu nunca saí do lugar e vivo cansado de despedidas.

A estrada.

São anos de caminhada à disposição da intenção do clima, são tantas histórias que ouvimos sobre o vento puro das montanhas que, acredito não ser o único, passamos a vida como mochileiros procurando um porto para atracar o coração.

Toda vitória precisa de uma batalha, todo vencedor precisa da sorte de encontrar alguém que possa vencer, toda boca precisa de motivos pra se calar, algumas coisas são certas e não há quem mude... Mas e o que não há explicação?

Já tive tantos motivos pra pensar que não faz diferença se sentir bem, perdi tempo demais achando que os travesseiros diriam aos anjos que aqui não temos mais motivos pra levantar, entre o sangue dos dedos fica a tinta da caneta e entre os pulmões fica o vazio que ocupa todo meu peito, foi assim que descobri quanto espaço pode ser preenchido pela falta.

Um aperto, um vazio interno que vem de fora, uma metade que falta em alguém inteiro e a dificuldade de respirar pelo cansaço, exausto pensamento que martela o peito.

Me perdi como idiotas parados no meio do caminho procurando a placa de indicação mas eu não vim pra essa vida procurando carona, a estrada tem suas aventuras e por ela passam todo tipo de gente, eu queria apenas o meu canto no acostamento.

Casacoração;

Eu queria ir embora desse lugar, não aguento mais essas paredes, janelas e portas quebradas. Pintei todos pensamentos ruins, espalhei toda mobília pelo chão enquanto quebrava os vidros aos gritos.

Não tenho visto além do palmo dos olhos, a fumaça lacrimeja e tem me cegado, só o meu mal-querer já derrubou a maior parte da casa, a diversão dos dias têm sido revirar os escombros.

Não há nada bonito nessas ruínas, só você entenderia o tamanho do prejuízo acumulado ao longo dos anos, há tempos não sei o que é a liberdade, me prendo em pensamento e sentimento.

Acorrentado aqui não me resta a espera do tempo, o ar pesado sufoca e o fim é certo, intoxicação ou inanição.

Quero ir embora desse lugar, não há coração que aguente viver em uma pessoa como essa.

Monday, June 24, 2013

Ao seu dispôr.

Me coloco à disposição em busca de abrigo, me obrigo ao artigo de me colocar à disposição já que disposição é uma coisa que não acompanha os desolados.

Disponho de tempo mas abstenho de tempo pro pensamento, ocupado ao ponto de não dormir ao mesmo tempo que eu, passa as noites trabalhando no propósito propício da lembrança, perda de tempo... Quanto tempo repetido, mas o tempo não se repete, o tempo é uma palavra que a gente repete inúmeras vezes em vão na busca de aceitar sua validade, data de vencimento diária que consome o coração.

Corpo e espírito, fato consumado de que a ligação entre os olhares é curta demais e por mais que se distanciem, enxergam coisas que não fazem parte do seu ambiente natural, seu habitat é ao lado dela, sua vista busca imagens ao redor dos campos floridos das boas memórias, velhas, caóticas e o jardim se torna um labirinto sem volta... Eu dou voltas intermináveis nos olhares.

Mas de que valem olhares sem abraços? Sem espaço de tempo que cure a ligação espiritual entre corações que não se beijam mais... Sem cura pra aquilo que não pode ser curado, não pode ser superado, não quer se deixar esquecido e leva o calor do sol contigo.

O vento leva tudo que não nos pertence, mas onde fica esse Achados & Perdidos celestial? Querubins malditos levaram meu coração sem autorização.

Parada.

Se um dia, dentre todos esses caminhos tortuosos que seguimos, você encontrar uma parada que não lhe cobre o preço absurdo que vale o acolhimento, pense duas vezes antes de parar.

Quando o coração parar pra respirar e isso dificultar a respiração, quando os olhos se desviarem sozinhos do caminho, quando a música de fundo ganhar nome e sobrenome... Pense duas vezes.

Pode ser uma armadilha, vai de você aceitar seus pés presos ao chão. Voar é um sonho humano absurdo, o amor não nos dá asas, nos corta a vontade de sair do portão, nos corta a vontade de comer, de viver, de dormir, nos dá apenas vontade de ser.

Nunca mais precisará de alguém, a não ser aquele alguém com que a parada movimentou pulsações que você desconhecia... Tome cuidado, falar é fácil, conquistar não é uma conquista, todo mundo precisa de alguém, vai da sua sorte ser escolhido, sustentar é que de vício é que é difícil.

Há dois tipos de pessoas, as felizes... e as que sofrem de abstinência.

Poetas não fazem poesia.

Outro copo vazio na esperança de tirar o seu reflexo do líquido, afoguei minhas mágoas como velhotes bêbados abandonados pela família.

Poetas morriam por amor, a depressão era o auge de seus poemas, suas histórias bonitas sempre foram baseadas nas mais histórias tristes em vida, na morte poetizadas.

Eu não sou poeta pra morrer de amor, minha morte seria a assinatura dos meus pecados, o pagamento pelos meus crimes em terra, a sentença pela ausência, a confirmação do quanto eu sou vazio em todas linhas, não seria a morte que poetizaria minhas palavras.

Poetas eram cheios de amor pelo próprio amor, eu já o odeio.

Asqueroso é o amor que lhe alimenta a alma e depois a deixa a pão e água, maldito seja o amor que lhe acolhe e depois desampara, o disparar dos batimentos ao pensar nela não é amor, é teu corpo tentando lhe aliviar a dor em um ataque cardíaco.

Belo é o amor somente nos filmes, os filmes são uma mentira assim como o amor, o amor nem existe, não sei que tolo fui em achar que o teria encontrado... Sempre acreditei em lendas urbanas.

A idade das palavras.

"Os anos lhe darão experiência."

Sempre achei bonito esse pensamento, experiência soa avanço espiritual, me parecia inteligência, sabedoria, aprendizado, no inocente lado bom da palavra, claro.

Os anos passaram, carrego nas costas o dobro da minha idade mas não tenho experiência.

Aprendi sim muita coisa, vivi sim muita coisa... Mas descobri que não era aprender que me tiraria das enrascadas, que não é a idade que me amadureceria, muito menos que o que aprendi da vida me diria o que seria bom pra você.

Você, essa é uma palavra que comecei a ver com outros olhos, o significado de você inclui toda uma outra vida, outros desejos, outros pensamentos, outros ideais, outros aprendizados... Outras experiências.

Eu, é outra palavra que eu achei ser conhecida, imbecil né?

Eu é uma palavra com o tamanho proporcional ao seu valor, duas letras... Metade de você, pode fazer as contas... Até matematicamente eu seria metade comparado à você, metade do que eu queria ser em você, metade era e por querer você... Nada sozinho.

Músicas de gaveta;

E é só bater a porta que a saudade já aperta 
Com aquela vontade sem fim de ficar com a mulher certa. 
Vejo mil luzes passarem do outro lado da janela, 
Cada segundo que se passa é um metro longe dela.

Não queria sua ausência a cada respiração,
Prendo o ar, solto tristeza envenenando o coração.
Eu sei que eu demorei pra escrever essa canção,
Mas na verdade eu queria era só dividir o seu colchão.

Eu sei que eu sou ranzinza, quero a cor e você o cinza,
Prefiro ficar na cama, você tem dia que apressa a vida,
Mas me deu uma menina e força pra encarar o dia-a-dia.

Eu sei também que errei demais, sei que gosto demais,
Falo demais, penso demais, sempre quero um pouco mais,
Mas é só você que me deixa em paz,  o bem que você me traz já satisfaz...
Te amo há vários carnavais.

Chega mais perto que eu te digo, teu coração é meu abrigo,
Largo o mundo todo se a gente se casar domingo.
Bingo, acertei quando aceitei, 
De todo canto que passei, foi em ti que me encontrei,
Sei que não fiz tudo mas pulei de peito quando me entreguei.

Pra ficar contigo gosto do que você quiser,
Enfrento o que vier, nado contra a maré,
Ando no ritmo dos teus pés.

Lavo a louça suja, viro pai coruja,
Troco fralda, troco a mesa, faço tudo mas não fuja.
Antes que vá embora, me ouça só agora...

Fica comigo, deixa o mundo todo do lado de fora.

Tuesday, June 18, 2013

Eu odeio você.

Eu odeio ter te conhecido, eu odeio saber que foi por você que eu fiz todos os planos da minha vida, eu odeio saber que foi por você que eu me apaixonei, odeio mais ainda saber que isso não tem volta.

Eu odeio saber que você não precisa de mim, eu odeio ser vazio ao ponto de não conseguir te fazer feliz, eu odeio saber que você não vai sentir o mesmo vazio que eu sinto todo dia quando lembro seu nome.

Eu odeio o quanto você faz parte da minha vida, nos mínimos detalhes, nas bandas que eu escuto, nas coisas que eu como, nas coisas que eu gosto... Principalmente nas coisas que eu odeio, odeio isso também.

Eu odeio a forma como você me dava bom dia, capaz de ecoar quase toda noite enquanto eu durmo, mas eu odeio acordar, a vida não é como eu queria, não é como você queria, não é como deveria ser... Eu odeio isso.

Eu odeio saber que todo dia você vai fazer a mesma falta, já se passaram meses sem a sua presença física mas a sua falta é tão presente que todos os dias eu procuro vozes no ambiente, eu odeio saber que eu não sei de nada, que eu sou tão burro ao ponto de não saber viver um dia longe de você, de não saber não querer você, de não saber perder você.

Eu odeio saber que você sempre vai embora no final da história, eu odeio saber que você sempre se tornará palavras ecoando nos meus cadernos, eu odeio saber que eu perdi você.

Eu odeio você, mas isso não é sua culpa, eu te odeio porque te amar tanto assim machuca, mais do que o passado, o presente dói pelos dois com o acréscimo do futuro...

E eu odeio saber que eu não sou bom o suficiente pra ter você no meu presente, no meu futuro... Virei passado por mérito próprio.

Monday, June 17, 2013

Necessidade:

s.f. Aspiração natural e muitas vezes inconsciente. Desejo ardente. O que é necessário. Indigência, miséria. Ter necessidade de, precisar. Ter necessidade de alguém, de alguma coisa, sentir-lhe a falta. Caso de necessidade, caso de força maior.

Necessidade (filosofia) - a propriedade daquilo que é (e não pode não ser) em todos os mundos possíveis.
Necessidade (psicologia)- é a sensação da falta de alguma coisa indispensável, útil ou cômoda ao homem.

É humano, a gente sempre precisou de alguma coisa que não fazia parte de nós pra sermos "felizes", eu prefiro dizer, completos.

Há quem diga que não precisa de ninguém, tanto afetivamente como socialmente, são incompletos, se sentem vazios o suficiente de acharem que são cheios por si só.

Talvez seja melhor ser assim, se sentir tão vazio que está bom, o conforto nem sempre fica próximo ao calor, existem dias frios extremamente agradáveis, cinzas e monótonos. A gente pensa tanto em encontrar em alguém a alegria de viver que esquece que estamos vivos à cada dia que passa, seja ele cinzento ou não.

Eu tenho me esquecido disso, na verdade, não tenho tido vontade de "viver", como dizem as pessoas normais, os dias andam tão chatos e vazios que estão quase se completando, eu me perco em voltas que me levam ao mesmo lugar, talvez eu tenha encontrado o meu lugar...

Eu trocaria qualquer coisa por alguém que me ensinasse a esquecer, que me tirasse esse amar do peito, essa necessidade de me sentir vivo pra viver, de precisar dela pra me sentir vivo, que me mostre que talvez eu seja vazio e frio, tanto quanto meus pensamentos.

Wednesday, June 5, 2013

Cartas são...

Me disseram: "Você escreve bem."
Eu particularmente discordo, acho que um escritor consegue sintetizar palavras e idéias, frases e sentimentos...

Eu não, meu caso é que nunca fui muito bom em lidar com as perdas, desde criança eu deixo a melhor parte do sanduíche pra última mordida.

Toda vez que eu fecho os olhos, eu penso na mesma coisa, eu sinto saudades de tempos memoráveis, daqueles que a gente lembra até da música de fundo, tem alguns dias que eu escuto até os gritos ecoando no quarto.

A gente já nasce sabendo que nada dura pra sempre, até Renato Russo dizia: "O pra sempre, sempre acaba." mas quantos de nós sabem lidar quando isso acontece?

Eu já sabia há tempos que a saudade era maior que a vida, que a falta é maior que a presença, que a gente paga tudo, de pouco em pouco... Eu já achei que tava preparado, que aprenderia a lidar com o aperto no peito mas eu sabia que era mentira, a gente sempre procura motivo pra se torturar, e não tem erro, a gente sempre encontra.

Todo final tem um motivo, mais de um envolvido, a lembrança dos choros e não dos sorrisos, assumir pra si mesmo que as coisas acontecem como elas querem é a parte mais difícil.

O amor não vale nada, quem sabe se eu doar meu coração os batimentos voltam à correr, quem sabe assim eu chamo a sua atenção... Pela presença, não pela falta.

Thursday, May 16, 2013

Só queria te lembrar sobre o amor.


Aquele sentimento que bateu seus joelhos quando me conheceu, aquele olhar de querer se aproximar, uma desculpa pra deitar, um tombo do sofá, algumas risadas pra caminhar até o beijo, lembra do nosso primeiro beijo?

É uma vida inteira pra me lembrar o quanto eu mudei por ter te conhecido, eu nunca mais voltei ao estado bruto e natural do qual eu vim me apresentar a você.

Sabe, eu queria não ter conhecido. Eu ainda seria aquele idiota que acha que o mundo não muda, a vida não dá voltas e a falta não consome. Eu nunca senti tanta falta de alguma coisa em mim como eu sinto a falta do seu coração.

E se eu tivesse como voltar atrás, eu voltaria, me apresentaria, deixaria minha vida toda de lado e me entregaria, como eu quero, como eu não fiz.

Eu deveria ter roubado você pra mim quando tive a chance.

Eu deveria ter mandado todo mundo à merda enquanto era você quem deveria ser meu mundo, agora ele roda pro lado errado sem o peso do seu corpo sobre o meu, com a saudade que me dá lembrar do seu bom dia.

Você é a primeira coisa que eu penso quando acordo, todos os dias, mas isso não tem sido um bom sinal.

Eu só queria te lembrar sobre o amor, o amor que a gente sente um pelo outro, não a incerteza de se basear no passado pra construir o futuro. Eu mudaria o mundo pra ter você de volta, eu me mudaria pra te lembrar o que é amar.

Amor, assim desse jeito meio desleixado que eu tenho, mas amor, tão forte e intenso quanto a saudade que eu sinto de vocês.

Monday, May 13, 2013

Não existem rosas.

O fundo do oceano está cheio de flores mortas, em meio aos naufrágios, corações despedaçados se multiplicam nos corais.













- O mergulho é o quão profundo foi o salto.

Wednesday, May 8, 2013

Preocupa a ação;


Tenho me dado bem em me sentir mal ultimamente, tem sido tão natural como acordar e ver que o mundo não se importa com o ritmo que você dança a música.

E todo esse receio de viver rodeia o mesmo túmulo: A insignificância dos sentimentos.

Banalizados por palavras vazias decoradas ao decorrer dos anos, dissiminados em falsas declarações dos que mal se conhecem, carregados aos trancos e barrancos pelos que ainda esperam um olhar sem rancôr e completamente cobertos pelas mágoas que ela ainda carrega de mim.

Ando preocupado, e isso não é uma coisa legal de se assumir, já não liguei pra nada, já me importei demais com o que não era bem assim, já quis não me importar, já exportei todo tipo de pensamento que me tirasse essa mancha da alma, nada lava uma alma sem vida... Isso me preocupa.

Eu queria me sentir vivo mas eu matei todas as chances de ver a vida com os olhos sem medo do que tá vindo pela frente... Cometi o crime de acreditar no coração, não somos nós que elas querem.

Sentimentos mal valem por si próprios, tenho preferido a transparência, a invisibilidade ou simplesmente a indiferença perante ao ritmo que o mundo gira sem mim...

Meu peso não pende pro lado certo sem você.

Sinto o carregamento de uma tonelada sambando em meus ombros como Arlequins desiludidos com a Colombina que perdeu a vontade de dançar, a vida é uma dança sem par, ninguém vai se importar com a altura do som.

Friday, April 12, 2013

O rio.

Existem coisas que como o vento, não se muda o curso.

São como se fossem um rio, curioso e devastador na fúria de chegar logo à beira da praia pra ver o mar, não importa quantas curvas faça, o rio sempre segue seu curso ignorando todas barreiras e desvios.

E a velocidade que um rio desce seu caminho é a mesma da culpa em que, pela inclinação, o morro aceita ser açoitado pela pressa de quem não era pra estar ali.

Há aqueles que acham que salvarão o rio começando pela margem... Mas você não vai se salvar se não mergulhar e enfrentar os troncos que escurecem a água.

Monday, April 8, 2013

Por uma vida;


Eu não sei mais onde procurar palavras que descrevam a vontade que eu tenho de te colocar pra dormir, todo dia.

Eu queria me casar, acordar de manhã com você resmungando com a cara amassada de sono, acendendo a luz depois de 3 tentativas de encontrar o interruptor, eu queria acordar com você aqueles dias que você não quer sair da cama, é incrível o poder que seu corpo tem sobre o meu... A presença dele acalma todo esse furacão que é meu coração.

Um abraço, um beijo, uma vida pra dividir, me coloca de novo nos seus planos, todos meus planos tem seu nome e sobrenome, tudo que eu tenho guardado aqui é teu, até quando eu não quero que seja.

Me dá sua criança, me dá sua vida, me dá sua mão... Me dá você?

.:!


São mais fardos pra carregar do que eles pensam, olhando de fora temos a vida tão fácil quanto dizer "Tudo bem" mesmo quando não está...

Se eles vissem de perto o que acontece aqui dentro...

Todo dia eu acordo com um buraco no peito, aquela sensação de que em tudo falta um pouco, de que todo olhar carrega o mal que você mesmo fez pro mundo, pronto pra voltar pra você.

Eu joguei minha vida no lixo quando acreditei que o destino existia, quando acreditei nas pessoas, quando me senti tão sozinho que o mundo inteiro caberia em mim... E eu tenho que aguentar o peso da morte de todos meus planos, mas acho que era mais fácil ter deixado o sangue escorrer, deveria ter feito isso aquele dia, a dor da saudade do que se viveu é muito maior do que a saudade de viver.

Viver... Isso é relativo nos últimos anos, sobrevivo... e olhe lá.

A escolha;



Sempre tem alguém pra dizer "Dê mais valor a si mesmo", mas eu não acho que seja bem essa a questão, o valor é relativo ao envolvimento de ambas partes, não é calculável por números e equações perfeitas que te dão a certeza do produto final.

Não é você quem decide o valor que tem, mas vai de você decidir se o valor que lhe é oferecido equivale ao valor que você se dispôs a dar ao outro.

De nada vale dizeres ao vento se não tem a quem entregá-los, menos ainda se a quem você quer oferecê-los não entender o peso das palavras que ouve... De que vale dar o mundo pra quem só quer uma fuga do mundo todo? A gente não escolhe quem tem o dom de te fazer parar pra pensar, parar pra se entregar, parar de respirar...

Mas a gente escolhe se isso vai valer a pena ou não, deixe de lado o valor, só conte com as reações dos seus poucos atos, de nada vai adiantar gritar aos 4 ventos o quanto você fez, o olhar te responde se realmente valeu a pena ter feito alguma coisa.

A gente nasce e morre sozinho, ser o último homem de uma mulher não é uma decisão... É ela quem escolhe.

A volta dos que não foram.


Acho que comecei a escrever pra procurar outros pontos de vida sobre os meus problemas, pensava que vendo de uma maneira mais lírica conseguiria dar o mesmo rumo da literatura pra eles, aquelas viradas na história em que o bonzinho resolve parar de apanhar por descobrir uma força interna até então adormecida...

Mas isso nunca aconteceu.

Aprendi que escrever tinha outros fins, não eram os porques apresentados que davam as respostas, mas sim a continuação da história, não era só por mim, em algum lugar alguém veria nos meus textos que ela não está sozinha nessa eterna dúvida do que fazer com as gavetas de memória.

Divido com você essa dúvida, também gostaria de mudar a posição das gavetas, a ordem dos fatos mas existem coisas que você não pode colocar onde quiser, tem que aprender a melhor maneira de levar a vida com elas ali... intactas.

Me coloco de novo à disposição das palavras, mas agora parto do ponto de que aprendi que nem tudo é real... nem tudo é fantasia e nem sempre vale a pena escrever, mas escreva, ao menos limpa a consciência.

Monday, February 11, 2013

E viver.

"Nada é para sempre."
Todo mundo já aprendeu essa parte, a gente acostuma com o fato de que, um dia, vai perder tudo.
Nem todo mundo sabe lidar com a perda, na verdade, a maioria das pessoas tem dificuldade em aceitar a imperfeição de suas concepções de felicidade.

Eu sei o que é perder, mas o que é aprender com a perda?

Antes viver na angústia de perder aquilo que ama do que se tornar inanimado, moribundo dentre perfeição e ilusão.
Ela é assim, me deu as mais quentes noites de verão durante os piores invernos, mas também me deu a dor de sentir que tudo dentro do peito sumiu em um suspiro e vazou no choro.

"E depois de tudo, você ainda estão juntos?"

A melhor parte de estar vivo é lhe responder, sim.
Depois de toda dor, todo amor, todo carinho, toda alegria e todo choro, podemos dizer, estamos vivos. Vivendo e aprendendo, morrendo e assinando o compromisso de que eu escolhi alguém pra fazer feliz, alguém que faça-me sentir que todo dia alguma coisa vai mudar, e se não mudarmos, perdemos... E eu não vou perder você de novo.
© pensamentos voam com o vento;
Maira Gall