Tuesday, January 17, 2012

Gavetas;

Deixei guardado tudo que me faça lembrar o que eu não quero esquecer, melhor não ver quando não se consegue parar de olhar, melhor não estar quando se quer demais ficar, me deixei ali perto também, se precisar de alguma coisa é só pegar na geladeira... Vou ficar por aqui.

Essas cadeiras velhas já ouviram tantas histórias que contei nos dias em que fiquei sem voz, pelo menos conseguia respirar, mas sem aquela vontade de pular sem ver onde vai cair.

Da pressa do mundo eu só gosto da paz nos momentos de calma, simples pra mim, guardo na alma as cicatrizes mas não a deixo parar de brilhar, levo no corpo o que restou do meu peso mas não deixo de caminhar.

Gosto de ar fresco, estrela cadente, fogueira acesa em noite quente, gosto de biscoitos de manteiga, se ouvir "se aconchega" fica tudo bem, apaga a luz, não preciso ver ninguém... Só que se o sol nascer pede pra ele me esperar, tô esperando dias de sol pra tirar as coisas da caixinha e colocar de volta no lugar.

Eu não nasci pro amor;

Roubaram meu coração enquanto dormia acordado, minha única certeza é ter deixado ele no mesmo lugar de sempre, depois de tanto derrubá-lo, montei uma caixa pra ele, que também não está mais lá.

Levaram de mim o sossego da vida fácil, me levaram a preguiça da manhã de sábado, me deixaram aquela velha sensação de vazio, eu passo tempos a montar uma maneira de preenchê-lo e me levou de novo, de novo ficou o vazio, tá tudo de novo demais... Eu nem queria saber.

Na vida às vezes acontecem as coisas da novela, outros realmente atuam, bem o suficiente a serem filmados, fotografados... Eu sempre preferi o rádio, a música não carrega a maldade dos trejeitos humanos, são sentimentos em melodia... Perdi o tempo de novo.

Me roubaram o coração, mas me deixaram a vontade de caminhar, eu não nasci pro amor como você.

Sunday, January 15, 2012

Lembrou?

Já dividi minha vida em partes iguais, já tropecei por correr demais, já corri do passado, já tentei voltar atrás, já pedi pra ficar, já disse não volto jamais.

Andei por ruas que não tinham fim só pra dobrar o quarteirão, já me apaixonei e quis jogar fora o coração, cuidei de mim pra não me perder entre os pontos finais, deixei de lado as peças de xadrez, não gosto mais desses jogos, não quero mais seus jogos.

A mesma história se perde em cada cena do mesmo filme que assistimos no mesmo cinema, mas não somos os mesmos, mas mesmo assim... Te escrevi pra lembrar de mim.

Outono.

Tem dias que os dias me levam a mal, tem dias que só resta esperar o sol sair pra ver da janela o dia começar todo de novo, sempre aos poucos.

Poucos somos como poucos, o que nos diferencia no olhar ao sol nascer, vemos o sol mais bonito por esperar novos dias por vir, é essa a graça da vida às vezes.

Não se precisa de trilha sonora quando se pode ouvir mais do que o vento passando o tempo.

Eu sentei no último vagão esperando a estação do ano que me deixaria mais perto de você, primavera talvez... Quando nascem as flores.

Eu moro em Outono, quando o clima esfria e as folhas secam, mas me agrada o tempo assim, gosto da minha casa.
© pensamentos voam com o vento;
Maira Gall