Wednesday, January 29, 2014

Passa o passo, passo a passo.

O tempo tá passando, todo dia passa o carteiro, pára, olha a numeração e deixa as cartas do vizinho, só minhas contas não se atrasam.

Ficar velho é normal, não é nada demais ver que a vida te achou idiota demais pra parar ao seu lado, passou tão rápido que arrancou tudo do lugar... No meio da bagunça achei uma coleção de palavras mais afiadas que a língua.

Sempre sonhei com o semeio hereditário de sentimentos bons mas nada nasce em campo de guerra, meu peito é o canto em que o barulho interno abafa o canto.

Eu queria me casar, fazer planos de travesseiro, repartir a cama e o coração. Eu queria crianças correndo na sala... Mas eu queria ter super-poderes e também não tenho.

Cada um tem o que merece e eu... Bem, eu não tenho nada.

Garçom, por favor, algo que me coloque no presente, uma dose de segredos em silêncio que foram ditos um dia.

Mas não se iluda com belos poemas, já diziam: "Faça um verso bem bonito, diga adeus e vá-se embora."

Monday, January 27, 2014

Faltou dizer isso.

Eu não sinto a sua falta, todo mundo sabe disso.

É como dizer que bom dia é só depois das 14hrs, faço isso quando acordo com sono, principalmente depois de pesadelos.

Acho que pesadelos são recados rascunhados pela mão contrária da escrita, nota-se que é fácil encontrar verdades nos sonhos assim como mentiras descaradas, tipo invencibilidade ou simplesmente coragem de dizer, de sonho a pesadelo só muda a doçura no tom de voz.

Acordar às vezes é olhar o calendário, ver que o ano mudou, tudo mudou, menos você.

Eu não sinto sua falta, eu sinto falta de como você era nos meus sonhos, aquele clarão nos olhos ao abrir a janela do quarto dizendo: "Já é hora do almoço."

Mas isso é só um detalhe entre tanta coisa que eu guardei nos envelopes que deixei o carteiro entregar pra Deus. Talvez sonhos sejam sinais.

Mas, juro, isso não é saudade, é... Outra coisa.

Wednesday, January 15, 2014

Varanda

Coloquei todas minhas desculpas em um lugar que você não vai alcançar... Sabe por quê?
Porque não quer.

Vou ser daqueles velhos que não levantam as mãos na montanha-russa, vou colecionar selos já que não se coleciona as bocas que os deram. Quando o tempo passar, eu vou ser uma daquelas pessoas que fica na varanda procurando desenho nas nuvens e pedindo pra algum passarinho esquecer as asas por perto.

Não tem muito o que dizer sobre o que não se conhece muito bem, me complico entre os pensamentos e se andar na linha, o trem pega.

Me tenta o sol, o calor dos dias que eu vejo da janela, mas tudo bem, um dia vou me sentar na varanda.

Monday, January 13, 2014

Cartas ao sol.

Não tem lógica manter tudo no lugar a vida inteira, não há jogo que se contente em não passar de fase.
Eu pratiquei a despedida durante a minha vida inteira e até hoje sou péssimo nisso, não consigo trocar os capítulos do livro antes de dormir, aí eles aparecem nos meus sonhos.

E quando você acordar vai continuar tudo como está, as coisas no mesmo lugar... Eu nem trocava os móveis de lugar por não saber como pedir permissão, só troquei de supetão.

Se eu disser tudo que é verdade, me odiaria... Não ela, eu mesmo me odiaria, mas não é aí que tá o problema.
Já montou um quebra-cabeças com as peças viradas pra baixo? É quase isso.

Não sei apagar linhas escritas com tinta de tatuagem, me lembro da dor das agulhas e da alegria das cores com a mesma frequência. Rasguei todos os pedaços e escorreguei quando fui passar.

Não vou dizer mais "dessa vez..."
É só mais uma vez, talvez dificultar as coisas facilite a obstrução do frio, são apenas obstáculos que me fazem ficar andando em círculos... Ainda não me acostumei com as voltas.

Sangrei no papel cada palavra, quem sabe um dia essas cartas peguem fogo na sua lareira.

Friday, January 10, 2014

Chão de areia.

Não é a queda que assusta, quantas vezes fui eu mesmo que me coloquei na beira do penhasco?

Não é explicar que ameniza o batimento, o consolo é interno quando o problema é cardíaco... Quase me internei.
Bate o vento, bate o tempo, bate o peito inquieto, vivo incerto como os passos de um velho bêbado e já não lembro mais o endereço de casa.

Fui trocado por balas, não tinha troco dessa vez.
Seu João diria que é melhor assombrar porcos a viver assim, concordo com ele, assombrar porcos... São tantos.

Não sei onde perdi aquela confiança que eu carregava nos bolsos, fiquei na margem do rio olhando os peixes nadarem, dessa vez não vou pular. Nadem como quiser.

Bom dia, boa noite.
O lado em que navegar, não quero teu barco por perto.

Tuesday, January 7, 2014

O teto do mundo.

Sabe quando as coisas vão mudar?
Quando este teu céu cinza formar cores.

Parece até simples falando assim, mas de uma certa forma é verdade que a falta de cor abate a visão, divórcios são uma prova disso... Cor, de correr, cortar.

Não adianta gritar em silêncio em um mundo onde ninguém ouve seus olhos. Portais pro mundo todo, sem chaves e sem tremulações que ninguém se dispõe a passar.

O medo nos consome o tempo de consertar as coisas, o orgulho coloca as pedras no caminho e eu vejo quem desistiu caído em algumas curvas. Dói correr com o coração vazio, nessa caminhada já vi um ataque cardíaco salvar muita gente.

Tem coisas que a gente não pode evitar, o tempo corre mais do que você e nunca cansa, chega a ser desleal... Mas é a real. Tu sempre vai chegar em último enquanto correr contra o vento, tem que deixar abrir as nuvens.

Talvez amanhã de manhã o céu tenha uma cor diferente.

© pensamentos voam com o vento;
Maira Gall