Thursday, May 29, 2014

O carteiro;

Sinto saudade de olhos sorridentes, sorrisos despreparados, inocentes... Outro outono é inverno e todo dia demora um pouco mais pra passar.

Não tem ninguém na porta mas eu ouvi a campainha, não abri e deixei o medo passar pela casa do vizinho, nesse bairro todo mundo se trancou no peito e as portas só permanecem caso haja a necessidade de sair, não há espera de visitas pra entrar.

Hoje deixei escapar seu nome sem querer chamar ninguém à perfeição, o tempo pode me bater à vontade que não vou confessar que moro na rua da saudade.

Mas, isso não tem nada a ver com amar, mas sim com amor e é tolice não assumir que caminhamos descalços por medo de gostar dos sapatos.

Monday, May 19, 2014

Pedra, papel e cenoura

A lei de pedra, papel e tesoura é inevitável, pedra não ganha de papel, papel não ganha de tesoura, tesoura não vence pedra. Pessoas de pedra não vencem na assinatura de um papel, o corte da tesoura não cicatriza quem sozinho anda rolando por aí.

Respeito não há, há mais peitos que resquícios.
Lá fora, onde bate o vento, é o certo pelo certo, mas quem tá errado perante a si mesmo?
O telefone nunca toca daquele jeito, no outro lado da linha do número que eu nem conheço mais, alguém olha pras teclas sem pensar em ligar.

O vazio pode ser grande, mas se é vazio, como ocupa espaço?

Friday, May 2, 2014

Pedestres.

Entre carros e faixas de pedestres temos pequenos espaços pra viver, bem pequenos, hoje em dia é todo mundo tão cinza que minhas tintas não resolvem o problema... Como se fosse uma equação.

E se resolver uma equação é encontrar todos os valores possíveis para a incógnita, estamos perdidos em meio a um meio em que não se sabe o valor de ser e a diferença de ter. Ser para alguém ao invés de ter alguém, ser disponível ao não estar disponível, sermos o problema a resolver em vez de termos mais problemas pra resolver.

Pela vida, a perfeição corria pelos dedos entre um bom dia sem resposta e um boa noite sem companhia. Com tanto direito humano e pouco humano direito, que direito temos de nos sentir humanos?

O frio na barriga seria uma explicação.
© pensamentos voam com o vento;
Maira Gall