Saturday, November 23, 2013

Meio cheio.

Ando tão cheio que me sinto vazio, tão vazio que estou cheio disso.

Quando tudo acaba eu ainda fico aqui, não mudo a música, não troco as roupas, os cheques caducam nas minhas mãos e eu não troco os sentimentos por coisas novas.

Me tranquei nas lembranças de dias felizes, agora essas mesmas lembranças fazem meus dias mais tristes, fazem falta... E tudo que me falta, sobra em pensamentos monótonos. Que chata a vida sozinho.

Eu me vejo no espelho pela metade, todo dia, sabia?

Thursday, November 21, 2013

Em baços.

Como tudo na vida tem dois lados, saudade é como dançar na chuva.

Cinematográficos os passos ao ritmo do que não se sabe exatamente de onde vem, é bonito ver alguém dançar, às vezes eu sento na calçada pra assistir a chuva cair, tudo na vida tem dois lados como a rua.

Refrescante lavar a alma mas não se pode andar pelos atalhos, quem anda na chuva, se resfria... E se resfria, esfria. Maldito 21 passos que dividem minha casa e o sol. O tempo muda quando eu passo dos limites, talvez seja por isso que eu não passe mais tanto tempo debatendo com os muros da cidade.

Cinza a nuvem que vem, vai que é saudade.

Tuesday, November 19, 2013

Respostas.

A falta de resposta pra perguntas idiotas enchem meus dias de vazio. Sabe como é? Perguntar coisas idiotas do tipo como foi a noite, quais eram os planos pro final de semana... Quer sorvete?

Só fica o frio dos dias quentes e apressados, não se vende alívio nos bares dessa cidade. Tem dias que aperta o peito uma vontade de gritar pro mundo inteiro ouvir que eu não tenho nada a dizer.

É uma tese, mas meu relógio brinca comigo... e se diverte, quanto tempo faz que o tempo me deixou avulso ao passar dos minutos.

Na minha mala carrego pedras, pedras contam histórias em silêncio... Como eu.

Thursday, November 14, 2013

Um monte.

Da janela dá pra ver tudo se fechando, se apagando com o passar do tempo... Você foi tão longe e eu fiquei parado aqui, igual já foi um dia. Saudade é uma peça da minha cabeça que vive fora do lugar... Passou tanta gente enquanto eu te esperava.

Não são mais os mesmos dias, cada hora de distância aumenta o penhasco, não dava pra ver o outro lado... Eu não aprendi a voar. É como colocar uma linha entre ficar e cair, parece alto daqui.

O Monte das Incertezas aos montes é visitado frequentemente, passei muito tempo sentado naquelas pedras, pensando sem querer entender, apenas abandonar o peso do carma pra ver se ao menos assim, se encarrega do que me carrega o olhar sem direção, a certeza da dor, com ela vem o conhecimento, argumento... Queria costurar a boca do pensamento.

Achei, é dali que eu pulo.

Monday, November 4, 2013

Bati.

Tem dias que o coração bate em vão, nem sempre é opcional manter a respiração, se não fosse involuntário, talvez eu nem estivesse mais aqui... Teria morrido de saudades, várias vezes.

É uma merda querer se sentir vivo, procurar motivos pra viver ou pra, simplesmente, acreditar um pouco no futuro, nem todo mundo é bom nisso, eu sou um deles.

Eu vivo, não que eu quisesse morrer, mas queria viver, não estar vivo. Passo os olhos pelos lugares procurando motivos pra parar, passo o dia preenchendo um vazio enorme no peito com oxigênio pra não sufocar.

Mas é assim, desde que conheci o quanto precisamos de um porto seguro em um imenso mar de pessoas vazias, sem bússola e direção.

Friday, November 1, 2013

Tristonho sorridente.

O tormento, a curiosidade. O pensamento, a saudade.
O vento, a cidade. O lamento, atrocidade.

O mal é achar que uma dose de nostalgia não machuca, um pouco de doce não amarga a vida... Mas nem sempre é assim.

Há quem diga: "O que passou, ficou pra trás."
Mas uma pessoa sem passado é uma pessoa sem história, às vezes vale a pena revisitar lugares e sensações que não sabemos ao certo onde começaram e acabaram, mas, de novo, nem sempre é assim.

Às vezes com o passado voltam os mesmos medos, as mesmas inseguranças, os mesmos pesadelos.

Mergulhar é fácil, difícil é aguentar o vento frio quando sair da água... E ela sopra todo dia nos últimos dias, rebatendo nas pedreiras volta com a força que apertou o nó na garganta.

Vou fechar os olhos, não vou cair na maldição de procurar o que dizer, a saudade bate como um sino de igreja mas nem toda reza te livra dos pecados.
© pensamentos voam com o vento;
Maira Gall