Peço por alguém que chegue lá, bata na porta, entregue um
bilhete e corra como o vento na direção oposta sem dizer nada, assim como ela fez.
Diga que tenho saudade do mau humor dela de manhã, do cabelo
bagunçado e a cara de sono, da voz sonolenta reclamando qualquer coisa sem
sentido, sinto saudade de esperar pra lhe ver, tenho saudade das borboletas,
sopros e tufões estomacais na véspera da chegada.
Tenho saudade de coisas idiotas, algumas coisas ruins
também.
Saudade é quando a alma sente fome da presença de quem não está
mais por perto, às vezes, nem longe, e em outras nem se sabe mais onde. Até a
ausência faz parte da vontade de guardar segredos na gaveta junto com os
bilhetes que não terminei de escrever.
Não entreguei a ela o que pretendia, nunca me dei pra
ninguém e, mesmo assim, ela levou embora uma parte de mim.
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